Texto por Rita Ramos


Foi em 2016 que o realizador britânico Riddley Scott tomou o projecto da realização do filme sobre a dinastia Gucci como seu. Desde o início dos anos 2000 que se falava em Hollywood sobre transformar o livro de Sara Gay Forden em filme. O livro narra a tumultuosa história da família Gucci e a ascensão e consequente queda do império de moda italiana. Em 2021, House of Gucci estreou nos cinemas sendo logo um sucesso de bilheteira. Um filme com um elenco de luxo e desde cedo envolto em polémica, foi nomeado para inúmeros prémios ganhando muitos deles.


House of Gucci centra-se na relação amorosa de Patricia Reggiani (Lady Gaga) e Maurizio Gucci (Adam Driver) e na ambição cega e desmedida de Patricia para controlar a marca de moda italiana. O casamento interesseiro e tóxico de Patricia com Maurizio arrasta toda a família Gucci, habituada ao glamour e a uma elevada posição social, para uma teia de intrigas, mentiras e crimes.

Um filme biográfico, cuja acção se inicia nos anos 80, e que foi acolhido pelos verdadeiros protagonistas com surpresa pois alegam que para além de não terem sido consultados, muitos dos acontecimentos retratados no filme não correspondem exactamente à realidade. A verdade é que House of Gucci acaba por ser uma realidade que ultrapassa a ficção sendo a história da família e a sua ganância o real motivo da marca de moda ter caído em desgraça e tendo sido apenas recuperada graças a investimentos estrangeiros que colocaram completamente de lado o poder da família sobre a marca.

O filme é bem estruturado e claro. A escolha dos actores é irrepreensível apesar dos protagonistas não terem sido as primeiras opções. Adam Driver, Al Pacino, Jeremy Irons, Salma Hayek e um irreconhecível Jared Leto dão corpo à família Gucci, enquanto uma talentosa Lady Gaga como Patricia Reggiani nos brinda com uma frase improvisada que se torna a imagem de marca do filme: Father, Son and House of Gucci.

Um filme em formato drama policial, demasiado extenso mas que tendo a assinatura de
Riddley Scott não se permite ser cansativo. House of Gucci fica-nos como um bom filme mas uma assustadora realidade.

texto de Rita Ramos para PARQ_76.pdf (parqmag.com)