Desde 1996 (ano em que lançou o filme – “Bottle Rocket”) Wes Anderson tem-nos vindo a impressionar, com os seus trabalhos incríveis, mas só nos últimos anos é que tem conseguido cativar um público cada vez mais abrangente, tornando-se um dos realizadores mais aclamado da atualidade. Os seus filmes já foram nomeados para vários Óscares sendo que a mais recente nomeação foi nos Óscares deste ano, com o filme “Isle of Dogs”, para melhor filme de animação.

Bottle Rocket, 1996

Mas o que é que têm de tão especial os filmes de Wes Anderson? A resposta para esta pergunta pode ser dada numa única palavra: estilo. Distinguir um filme do realizador é uma tarefa fácil devido ao seu estilo único e à sua forma original de retratar as personagens e a história. Num filme de Anderson tudo é pensado ao pormenor desde as cores, aos planos, ao guarda-roupa e à banda sonora e como todas essas partes se constituem num todo. Cada frame é pensado como uma obra de arte e tudo é meticulosamente preparado.

Rushmore, 1998

A centralização, a simetria e a cor são as três técnicas visuais que todos associam a um filme do realizador. Tudo nos seus filmes, parece ter sido criado, apenas, para aquele filme e isso faz com que exista um mundo próprio daquele filme, sentimos que tudo pertence àquele mundo. Mas para além de toda esta estética tão característica, também, encontramos temas que se prolongam em todos os filmes de Anderson, nomeadamente a nostalgia, a juventude, a família e de certa forma a própria vida do realizador.

Moonrise Kingdom,2012

Wes sabe, vê e sente o que quer que o público saiba, veja e sinta. Prestando bastante atenção aos detalhes consegue dirigir a atenção do espetador para onde ele quer e quando ele quer, dando ao público tudo o que quer que o filme transmita. Faz com que todas as imagens sejam importantes e não está interessado em criar suspense, mas sim em ser o mais direto e claro possível. O seu estilo é sem dúvida uma extensão dele próprio, faz tudo parte do seu imaginário, do seu psicológico. Ele próprio é aquelas cores, aqueles planos, aquele guarda-roupa, aquelas memórias nostálgicas. Ao contrário da maioria dos realizadores, Anderson, em vez de expressar a sua personalidade através das suas personagens expressa-a através do look do filme.

The Grand Budapest Hotel, 2014

Apesar destes filmes serem fantásticos, numa perspetiva cinematográfica, nem todos apreciam este género, muito visual, e pode até ser um pouco confuso. Mas uma coisa é certa, não é preciso gostar dos filmes deste realizador para apreciar o movimento da câmara, a composição dos planos, a direção dos atores e claro as cores.

Para quem ficou curioso sobre este realizador aconselho vivamente a começar por ver “Bottle Rocket” e de seguida “Rushmore”, assim percebe-se bem a diferença entre como o realizador começou (“Bottle Rocket”, 1996) e como aos poucos foi acentuando o seu estilo único (“Rushmore”, 1998). Ou pode-se partir logo para o filme mais “Wes Anderson” de Anderson, o “The Grand Budapest Hotel” (2014 Para os fãs de filmes de animação aconselho o “Fantastic Mr. Fox” (2009) e o “Isle of Dogs” (2018). Pessoalmente, gosto bastante do “Moonrise Kingdom” (2012) um filme em que a nostalgia e a juventude são o tema principal

Texto de Margarida Santos