Balada do Oeste
Os Irmãos Coen voltaram! Voltaram com a ajuda e patrocínio da Netflix nesta sua mais recente produção de nome “A balada de Buster Scruggs” estreado no mais recente Festival de Veneza, visto que em Cannes foram impedidos de se mostrarem.
Mas como é o Oeste dos Irmãos? Excessivo, poeirento, melancólico, devastador e sobretudo desconcertante; São 6 histórias que revisitam o velho Oeste com todos os seus cânones imagéticos e narrativos que nasceram com os mestres John Ford e também Sergio Leone ;Estas seis histórias variam muito, desde o tom pitoresco de alguns quadros até ao minimalismo sentimental de outros. Os seis episódios são independentes – a presença da morte é uma constante, pois, como avisa o cartaz da longa-metragem, “as histórias vivem para sempre, as pessoas não” – e avançam em diferentes registros, da comédia musical ao conto moral sombrio, da paródia total à fábula gótica. Às vezes os majestosos planos abertos dos Coen reduzem os cowboys parecem pontos insignificantes nas vastas pradarias ou agigantem-se confinados a uma cabine puxada por cavalos. Existe pois o pequeno e grande numa escala de planos que cromaticamente nos levam ao velho oeste inspirado e delirante.
Texto de João Levezinho para a revista PARQ, edição de Março de 2019