Na busca de uma programação multifacetada, a Galeria Cabana Mad, reúne 3 artistas que apesar de  trabalharem disciplinas e medias diferentes tem na sua lógica de apropriação e construção das formas, pontos de contágios relevantes.

April Key é uma designer inglesa residente em Istambul que desenvolve trabalhos a partir de lógicas da escultura trazendo referencias a formas arquitetónicas, nomeadamente a arquitetura deco. Os seus candeeiros da Ocean Drive collection, tiveram como ponto de inspiração inicial, o colorido de uns Kodakcromes com  vistas de Miami que encontrou numa loja de velharias de Instambul. Tal como na silhueta de uma cidade há uma acumulação de formasa tendencialmente geométricas coroadas por neons. São matérias que nos remetem para o brilho e a magia de qualquer cidade. Os candeeiros de Key são realizados a lazer e os tubos de vidro dos neons são produzidos a mão por artesãos locais experientes que lhes conferem a mesma ternura mágica das cidades.

April Key

O mesmo ambiente formal dos anos 50 parece sugestionar o universo de Monica Menez, fotografa de moda, residente em Berlim, que gosta de recriar ambientes cinematográficos. A par dos filmes de moda, a maior parte da sua fotografia é criada para revistas de moda, classificando-se na área de fotografia de produto. A execução da imagem obriga  um processo construtivo e uma execução rigorosa para chegar a uma imagem transgressiva e sensual. Ainda que em alguns aspetos toque o kitsh e um certo irreal,  essa regressividade leva a criadora a um sentimento de libertação e permissividade. Ou seja as suas  fotografias, são o espelho da liberdade que molda as grandes cidades como Berlim. Monica Menez trabalhou para Vogue Portugal assim como para muitos outros títulos de referência na moda.

Monica Menez
Monica Menez

Também no trabalho de Marco Laborda, artista catalão residente em Madrid encontramos um processo construtivo e uma certa emoção surreal, a partir das suas colagens sobre fotografias. Tendo no essencial o retrato como referencia,  desconstrói as imagens usando o recorte, para depois as reconstruir, aplicando colagens. Nesse sentido, recusa uma lógica naturalista juntando elementos formais que desfigurar o retrato, dão uma nova plasticidade ao trabalho final. As novas formas acumuladas adensam os seres que nos são propostos e dão-lhes aspetos surrealistas uma experiência que vai ao encontro do trajeto modernista sobre a representação do real. As desfigurações dos seres criados por Marco Laborda remetem-nos para o mundo das transfigurações do ser na complexidade das sociedades urbanas.

Marco Laborda

Marco Laborda

by Francisco Vaz Fernandes

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