Texto de Lara Mather
A 22a edição do IndieLisboa decorreu entre 1 e 11 de maio, com uma programação que, mais uma vez, provou ser um espelho da atualidade e das múltiplas vozes que o cinema independente dá a conhecer. A programação incluiu filmes que abordam questões de identidade, memória e transformação social, consolidando o festival como um espaço de reflexão e diálogo através do cinema.

Destacaram-se assim:
A estreia do filme “Orlando Pantera”, realizado por Catarina Alves Costa, marcou um momento especial, conquistando o Prémio IndieMusic e o Prémio do Público na categoria de Longa-Metragem. O documentário traça o percurso do músico cabo-verdiano Orlando Pantera, recorrendo a imagens de arquivo cedidas pela sua filha e a testemunhos de vários músicos atuais que foram influenciados pela sua obra. Apesar de ter falecido prematuramente aos 33 anos e de nunca ter lançado um álbum a solo, Pantera deixou uma marca profunda na música cabo-verdiana. O seu legado sobrevive através das múltiplas colaborações que teve ao longo da vida, revelando a importância e o impacto duradouro da sua contribuição artística.

“Hanami”, a primeira longa-metragem da realizadora Denise Fernandes, foi distinguida com o Prémio MAX para Melhor Longa-Metragem da Competição Nacional. Filmado na ilha do Fogo, em Cabo Verde, e protagonizado maioritariamente por não-atores locais, o filme acompanha a infância e adolescência de Nana, uma jovem profundamente marcada pela ausência da mãe.
“Razeh-del”, da realizadora iraniana Maryam Tafakory, é uma curta-metragem experimental que venceu o Prémio Silvestre Escola das Artes para Melhor Curta-Metragem nesta edição do festival. Combinando imagens de arquivo, excertos de jornais e uma paleta de cores intensamente saturadas, Tafakory funde som e imagem de forma inventiva, refletindo as tensões sociais e políticas que envolvem a emancipação feminina no Irão.

“The Last Showgirl”, da realizadora Gia Coppola, integrou a secção Rizoma com uma obra sensível e poderosa. Protagonizado por Pamela Anderson, o filme mergulha no universo das showgirls de Las Vegas explorando temas como maternidade, identidade e auto afirmação sob as luzes do espetáculo. Este papel marca um ponto de viragem na carreira de Anderson, revelando a sua versatilidade e profundidade enquanto atriz.
O Prémio Melhor Realização para Longa-Metragem foi para “Duas Vezes João Liberada”, de Paula Tomás Marques. O Prémio Melhor Curta-Metragem da Competição Nacional e o Prémio Escolas para Melhor Curta-Metragem foi vencido por “Antígona ou a História de Sara Benoliel”, de Francisco Mira Godinho.
O Grande Prémio de Longa-Metragem Cidade de Lisboa e o Prémio Amnistia Internacional foi atribuído a “On Becoming a Guinea Fowl”, da realizadora zambiana Rungano Nyoni.

O Prémio Novíssimos foi para “Em Reparação” da realizadora portuguesa Beatriz Machado Oliveira com menções honrosas: “Winners”, de Edgar Gomes Ferreira e “Entre o Mar e a Ilha”, de José Rodrigo Freitas.
O Prémio Honda Silvestre para Melhor Longa-Metragem foi dividido por “Ariel”, de Lois Patiño, e “Little boy”, de James Benning.
O Prémio MUTIM foi para “Amanhã Não Dão Chuva”, de Maria Trigo Teixeira e o Prémio Universidades para Melhor Longa-Metragem Portuguesa distinguiu “Deuses de Pedra”, de Iván Castiñeiras Gallego.
Ao promover o encontro entre criadores, públicos e temáticas contemporâneas, o IndieLisboa continua a ser um ponto de referência essencial na celebração e reflexão do cinema independente.

Texto: Lara Mather