Há qualquer coisa de despropositado em meter um pianista de jazz numa tenda do Nos Alive às cinco da tarde. Máximo é o nome do jovem português que tem tido um percurso académico interessante nas academias europeias. Começou a solo, tranquilo.

Máximo

Diz ele que vai tocar o seu álbum “Pangea”. (E diz também que sofre de ecoansiedade). Ao segundo tema entra um baixo elétrico e um baterista, ambos com ar de nórdicos. O baixista tem um ar enfadado mas safa-se, o baterista cumpre. Acho o som com algumas boas ideias mas mal produzido. No melhor, há uma técnica redondinha e um ar de contemporaneidade. É sempre de louvar trazer o jazz para estes palcos.

Mother Mother

Mother Mother é a banda que se segue no palco Heineken e fazem um rock alternativo. Um senhor, já de uma certa idade, canta e toca guitarra. Ao seu lado, duas senhoras ajudam nas vozes e ocasionalmente nos teclados. Há também um baixista e um baterista para compor o ramalhete. Este indie rock muito americano, especificamente da costa oeste, já teve melhores dias, mas eles fazem-no com alguma piada. Por exemplo, quando metem o “Where is my mind’ dos Pixies no meio de um tema deles. O público reage sempre bem a estas “brincadeiras”.

Macacos do Chinês

De volta ao WTF, são os portugueses Macacos do Chinês que rulam. Hip-hop com uma guitarra portuguesa, um beat algo básico, uma dupla de mcs, um baixo e um teclado. Som cool com o mérito de já fazerem parte da old-school cá do burgo. Fazem do seu single de maior sucesso, “Rolling na Reboleira”, uma versão extensa e eu aproveitei para cantar e abanar a anca. Soube-me bem.

No Heineken, os The Backseat Lovers cativam uma pequena multidão com o indie rock americano clássico. São uma banda de freaks despenteados, com boa atitude, fazem um som algo velhinho mas que não ofende.

Capicua

Já depois de jantar começa no WTF, Capicua. No palco, em neon, lê-se o título do seu último trabalho: “Um gelado no fim do mundo”. A primeira impressão é o vídeo ser muito bem parido e colar de modo natural com o tema. Mostra bom gosto e cuidado na apresentação. Estes adjetivos também se aplicam ao seu som e ao modo como o concerto está montado. Capicua sabe muito bem o que faz. É tudo bem pensado.

E é muito melhor que qualquer outra cena tuga que tenha visto por aqui. Dos beats às letras, obviamente politizadas, há aqui um modo sério e muito profissional de trabalhar que me agrada.

Justice

Já depois das dez da noite, começa o espectáculo de Justice no palco Nos. Atuam de costas, um para o outro, com mesas de maquinaria entre eles. Quase sempre na sombra, lá se vão virando e a festa continua. Por cima deles há um sistema de luzes sofisticadíssimo que acrescenta imenso ao concerto, já de si quase perfeito.

Os temas vão-se sucedendo, de modo quase natural e sem pausas, entre singles e temas mais recentes. Há muito menos gente neste segundo dia, o que me permitiu estar na primeira linha e poder dançar até cansar. Foi, sem dúvida, o melhor concerto desta edição.

St. Vincent

Perto da uma, ainda dei um salto a St. Vincent no Heineken. Ela goza de alta popularidade em Portugal e é perfeitamente justificada. Numa tenda bem composta de público, Anne Erin Clark de seu nome, deu um bom concerto, sem truques de luzes, onde a atenção está exclusivamente na música. Ela tem um ar teatral que acrescenta algo arty ao seu indie rock. Não sendo a minha praia, é de admirar a genuinidade deste som. Curti.

Bom segundo dia, para mim até melhor que o primeiro.