A Cinemateca dedica esta semana quatro sessões especiais à obra de Robert de Wavrin, um dos precursores do cinema etnográfico, fruto da recente redescoberta e digitalização do seu trabalho pela Cinémathèque Royale de Belgique.
Uma obra fundamental, não apenas para o cinema documental, mas também para a antropologia, baseada em imagens recolhidas nas inúmeras viagens feitas pelo Marquês de Wavrin entre 1920 e 1938 à América do Sul, que o levaram a conhecer regiões remotas e povos indígenas desconhecidos à época. Desta obra sobressai uma coexistência ambígua entre dois registos aparentemente paradoxais: a excentricidade aristocrática do “explorador branco” atraído pelo exótico e pelo desconhecido e o confronto com o racismo do espírito colonizador e da “superioridade ocidental” que incorporavam o vocabulário científico do seu tempo.
Para além de mostrar os seus quatro filmes que sobreviveram até hoje, este Ciclo inclui o documentário biográfico MARQUIS DE WAVRIN, DU MANOIR À LA JUNGLE, realizado por Luc Plantier e Grace Winter em 2018 e que foi fundamental para a redescoberta desta extraordinária figura e de uma obra surpreendente a vários níveis. Grace Winter – investigadora, arquivista e realizadora que teve e tem um papel essencial no resgate do trabalho de Wavrin do esquecimento – estará em Lisboa para apresentar todas as sessões do Ciclo.