A fotografia de autor chinesa, esteve até aos anos 90 sempre comprometida com um serviço que se fazia no essencial para o estado. Apenas nos anos 90 começam a aparecer fotógrafos que traçam as suas carreiras como outsiders. Este é o caso de Lin Zhipeng que muitos conhecem simplesmente por Nº 223 (nickname retirado do polícia, uma das personagens principais do filme Chungking Express ). Nos anos 90 começa a realizar fotografias descomprometidas em torno das vivências que partilhava com os seus amigos. O seu trabalho fotográfico introduzia uma visão que esbarrava com as questões mais documentais de cariz propagandístico que o regime socialista chinês até então privilegiava. No essencial as questões em torno do “eu”, que Lin Zhipeng introduz apresentavam-se na China como algo radical e provocativo.

Lin Zhipeng (2016) White Whale [fotografia ]

Como referiu , encontrou na fotografia a possibilidade de se exprimir livremente e partilhar os seus sentimentos, inseguranças, experiências, alegrias, dores, receios. O sexo e a nudez foram então surgindo muito naturalmente tornando-se com o tempo os temas principais do seu trabalho fotográfico, uma questão que ainda hoje é observada no seu país com uma certa censura. Contudo como em Chungking Expresse de Wong Kar wai, o ambiente das imagens que produz são atravessadas por uma atmosfera quase sonhadora e lúdica, o que faz com que não seja provocativa. Apesar do afastamento da linguagem oficial de um regime comunista ao mesmo tempo não representa uma ameaça num tempo onde tem havido uma maior tolerância em relação a cultura juvenil.

Apesar da aura cinematográfica que alimenta o seu trabalho, as suas fotografias representam em geral instantâneos, algo pouco planeado que acontece na interação com o seu círculo de amigos. É neste aspeto que as suas fotografias ganham um valor documental. Contudo ao contrário da ilusão fabricada que antes era documentada de forma propagandista Lin zheping documenta uma realidade que lhe é próxima.