texto de Sofia Seixo Garrucho

Nos próximos dias 14 e 15 de julho, Carincur volta a apresentar no Espaço Mono a sua obra Echos from a liquid memory. Esta peça junta artes visuais, sound design, performance e ainda artes digitais.

A composição musical e visual é levada ao limite das suas possibilidades, através da manipulação e processamento digital de sons e imagens submersos e propagados através da água. Esta ação cria um novo universo, um novo ecossistema, onde interações de matéria orgânica e não-orgânica criam alterações no ambiente, ao mesmo tempo que a realidade física e digital coexistem numa narrativa abstrata, entre uma memória líquida, desfragmentada, e a percepção de nós mesmos projectada no espaço e tempo. A desfragmentação da memória, do espaço e do tempo, por consequência, reflete a memória volátil da existência do ser humano. Para tudo isto, foi necessária a construção de um instrumento – combinação de tanque em acrilico com hidrofones – que tornou possível a exploração de sons subaquáticos.

A performance é composta por três partes, extraídas a partir da água, onde o corpo e a voz, através da sua submersão, são o meio exploratório. Durante meia hora, a performer produz uma composição etérea, melódica e poderosamente ressonante, criando um novo ecossistema onde elementos orgânicos, não orgânicos e digitais coexistem. Num encadeamento de fragmentos sonoros e manifestações líquidas, a génese da matéria como a conhecemos oscila gradativamente num estado de alteridade, lembrando à memória como se encontra vulnerável ao tempo.  A medição que pressupõe o valor de “autenticidade” desmembra-se num processo de autotransformação, circunscrevendo uma transcendência em iminência onde um novo habitat é reencarnado no corpo em cinesia.

O resultado é uma experiência imersiva completamente fora do comum; um mergulho profundo em imagens e sons de uma memória colectiva uterina. A composição sonora é uma trilogia – Protomemory (event), Memory (recognition), Metamemory (remembrance) – influenciada pelo texto “Mémoire e Identité”, de Joel Candau.

DIRECÇÃO ARTÍSTICA: Carincur

COMPOSIÇÃO SONORA E PERFORMANCE: Carincur

INSTALAÇÃO AUDIOVISUAL: João Pedro Fonseca e Carincur

DESENHO DE LUZ: João Pedro Fonseca

ORGANIZAÇÃO: ZigurArtists

PRODUÇÃO: Pipsy Roque

TÉCNICO DE SOM: Bruno Barroso

No Espaço Mono, Rua Feio Terrenas, 31 A Lisboa, telf 913 174 690

5ª e 6ª às 20H