Entrevista a João Pedro Vasconcelos
Por Luís Sereno
Fotografia Rita Menezes
A Wrong Weather é um espaço multimarca que se destaca tanto pela sua curadoria como pela Galeria que ao longo dos tempos exibiu vários artistas das artes visuais, permitiu lançamentos de marcas e colaborações, entre outros eventos. Localizada na central Avenida da Boavista, no Porto, inaugurou-se em 2009 e é ímpar no panorama das lojas premium do nosso país, continuando relevante pela versatilidade de estéticas que aporta e pelo investimento na área da comunicação – imagem que lhe permite abarcar consumidores um pouco por todo o mundo através da loja online, das newsletter e da proximidade e fluidez entre tendências e novos lançamentos com o público. Entre a seleção de marcas destacam-se as de culto como Maison Margiela, Raf Simons e Rick Owens, contrastando com o streetwear de Off-White e Palm Angels, para citar alguns exemplos. Acompanhando as tendências de consumo atuais, tem apostado em nomes emergentes asiáticos como Ader Error e Ambush, sendo para muitos deles o único ponto de venda nacional. A loja é também um ponto de sinergia com o Portugal Fashion com a inclusão e divulgação de designers nacionais como Rita Sá, Inês Torcato ou David Catalán. Para sabermos mais falamos com quem idealizou tudo isto, João Pedro Vasconcelos:
Parq: Como começou este projeto e de onde colheste inspiração para esta concept store misturada com galeria de arte? E a escolha do nome?
João Pedro Vasconcelos: A minha ideia começou a germinar aquando do meu anterior projeto a Wrong Design. A WD foi um design estúdio fundado por mim. Os clientes vinham de várias áreas da cultura mas trabalhamos também a área do design industrial incluído produtos de mass market. Viajei bastante nessa altura para o desenvolvimento dos projetos e produtos principalmente na área do design . Pessoalmente sempre fui um comprador de designer brands sempre me interessei e estive informado, portanto foi um novo projeto mas que no fundo foi o seguimento dos meus interesses e experiências. O nome vem mesmo da Wrong Design. Foi só juntar o Weather que foi o mais difícil e decidido apenas um dia antes de começar as primeiras compras para a Loja.
P: A Wrong Weather é incontornável no panorama nacional de pontos de venda premium, como a situas em relação às demais?
JPV: A Wrong Weather é um projeto internacional. Desde o conceito, a seleção e personalidade. A internacionalização foi ampliada com a nossa loja on-line. Foi e acho que continua a ser um projeto único no panorama português e internacional.
P: A loja online permite um alcance maior de clientes por certo, qual a sua importância durante esta pandemia que todos enfrentamos?
JPV: A loja on-line foi sem dúvida a melhor aposta da Wrong Weather. Fêz parte do projeto inicial, já com uns 12 anos, e preparou-nos para esta nova realidade. Estivemos sempre a funcionar e sem restrições de envio. Continuamos a prestar um excelente serviço apesar de todos as novas restrições que a pandemia tem trazido.
P: Como foi o processo de compra das coleções com as viagens canceladas e as marcas a cancelarem os desfiles e os showrooms?
JPV: Não houve viagens, fashion weeks , showrooms, fashion shows, inaugurações, apresentações, jantares e festas. Foi e está a ser uma experiência completamente diferente. Falta o contacto pessoal, o frenesim dos showrooms, dos desfiles, as fofocas e também o contacto com os colegas. Mas temos muito mais tempo para pensar nas compras e é um tempo mais saudável. Tudo é feito virtualmente . Usamos as tecnologias como Teams ou Zoom e plataformas como o Joor.
P: Não só marcas internacionais estão presentes na loja, como vês a parceria com o Portugal Fashion e o teu “apadrinhamento” de jovens designers portugueses?
JPV: Sim desde sempre que apoiamos designers nacionais. É já uma longa história bem como termos feito parcerias com o Portugal Fashion e também a Moda Lisboa. É importante os melhores terem um ponto de venda com projeção que os ajude internacionalmente a darem o salto. Ficam também com a experiência ao perceber como o wholesaler funciona e claro está- terem um feedback das vendas.
P: Que planos traças para o futuro, quando estes tempos incertos se dissiparem?
JPV: Os planos são de continuação do que estamos a fazer. Melhorar nas diversas áreas da empresa sempre focado no nosso cliente e na sustentabilidade. Estamos a trabalhar para termos um sistema paperless e reduzir a zero o plástico. A minha preocupação é a falta de sustentabilidade na área da Moda onde muito é preciso fazer. Mas todos podemos fazer um pouco que é muito se todos o fizermos. Pequenas coisas que ao logo dos tempos é muito.
Fotografia – Rita Menezes
Produção e Styling – Luís Sereno
Modelo – Marco tavares (facemodels agency)
Vídeo/assistência – Gonçalo Quina
texto por Luís Sereno para a revista PARQ 68 Dezembro de 2020