fotografia de Francisco Spratley @franciscospratley
No seguimento de exposições retrospetivas de grandes criadores da moda que foram sucessos em termos de público, o Musée d’Art Moderne de Paris, com a colaboração da Fondation Pierre Bergé – Yves Saint Laurent , propôs um evento que celebrasse os 60 anos do primeiro desfile de Yves Saint Laurent, que aconteceu a 29 de Janeiro de 1962, quando o costureiro tinha então 26 anos. Ao contrários das exposições que Paris viu dedicadas a Alexander McQueen, Christian Dior, ou a Thierry Mugler que ainda está presente no Musee des Arts Decoratifs, junto ao Louvre, esta exposição decorre em vários museus formando uma espécie de arquipélago, sendo então necessário seguir um périplo pelo centro da cidade para ter uma visão completa.
Segundo a curadora do Musée d’Art Moderne de Paris, Charlotte Barat, a principal responsável pelo projeto, esta foi a solução encontrada para celebrar a relação que Yves Saint Laurent estabeleceu com os seus contemporâneos, com as outras artes que o influenciavam na época, nomeadamente obras que se encontravam nas coleções permanentes de alguns dos museus públicos onde o projeto decorre e que ainda hoje podem ser vistas. Ou seja ao contrário da exposição de McQueen ou de Dior onde houve um grande investimento cénico para colocar as criações dos costureiros em valor, esta exposição optou por algo simples em que peças chaves de Yves Saint Laurent são colocadas em confronto com obras de arte com as quais se relacionaram à partida.
Todos nós nos lembramos de coleções de Yves Saint Laurent em que havia uma transposição evidente a referencias a Picasso, Matisse, Van Gogh e Mondrien tornando-se coleções icónicas e popularizadas.. Aparentemente a exposição optou por seguir uma outra via e não ter essas relações mais evidentes, procurando trazer peças que ficando na sombra merecem neste contexto um apelo a novidade. Uma das coleções que o comissariado da exposição coloca mais em evidencia é a relação que se estabelece entre de Saint Laurent e a obra de Alain Jacquet. Em 1966 o costureiro apresentou uma coleção de alta costura onde recorre aos efeitos óticos, bicolores e tricolores que o Jacquet tinha explorou quando representou uma série de quadros que recriavam num cenário contemporâneo o célebre quadro, “Dejeuner sur L’Herbe de Edouard Manet. Quando apresentou essa obra dois anos antes dessa coleção de Saint Laurent, o artista quis referir-se ao fetichismo que envolve a presença de uma peça única no mundo das artes e contra esse efeito, a sua obra, cuja mancha tinha um efeito trama serigráfica, apresentava-se com sendo uma reprodução de 100 exemplares. Ao mesmo tempo que Saint Laurent lançava essa coleção com referencias aos efeitos a trama serigráfica, anunciava a sua coleção pret-a-porter que viria a revolucionar o mundo da moda.