texto por Lara Mather

Wes Anderson, o famoso realizador texano conhecido pela sua inigualável simetria e excentricidade nas suas narrativas com elencos numerosos de caras mediáticas, foi vencedor do seu primeiro Óscar, na categoria “Melhor Curta-Metragem (Live Action)”, na noite de domingo dia 9 de Março para dia 10 de Março de 2024. Após 22 anos de carreira vence com “The Wonderful Story of Henry Sugar”, parte da coleção de quatro curtas-metragens que realizou e estreou no final de 2023.

“The Wonderful Story of Henry Sugar” é adaptação de um texto de Roald Dahl e conta a história de Henry Sugar, um homem rico e sovina que encontra um livro escrito por um guru que tinha ganho clarividência após anos de prática e que conseguia ver tudo mesmo de olhos fechados. É neste livro que Henry aprende os seus métodos e usa-os para fazer batota em jogos de apostas de dinheiro.

Não é a primeira vez que Wes adapta histórias de Roald Dahl, já o tinha feito com o filme Fantastic Mr Fox e agora com 4 curtas-metragens produzidas pela Netflix, “The Wonderful Story of Henry Sugar”, “The Swan”, “Ratcatcher” e “Poison”.

Protagonizada por Benedict Cumberbatch, esta curta-metragem de 39 minutos conta ainda com a participação de Ben Kingsley que representa o guru, Ralph Fiennes, que assume o papel de narrador da história, Dev Patel e Richard Ayoade.

Quebrando a quarta parede estas personagens falam diretamente para o espetador durante o filme inteiro, narram as suas ações e com atores incríveis de renome não se podia esperar outra coisa senão perfeição. Altamente coreografado, ensaiado e cronometrado, cada um entrega o texto de uma forma brilhante e contracenam uns com os outros impecavelmente.

Filmado em película 16mm, os movimentos de câmara, o enquadramento, o uso das lentes e dos ângulos do diretor de fotografia Robert Yeoman, colaborador veterano de Wes, são extremamente exatos.

Os cenários do Designer de Produção Adam Stockhausen, que também trabalhou no filme “Asteroid City” do Wes Anderson, são manualmente movidos de lugar quando se muda de cena, como se observássemos uma peça de teatro em tempo real. A própria característica da quebra da quarta parede se revela muito teatral. As cores e padrões escolhidos a dedo gritam a estética a que estamos acostumados a ver nos filmes de Wes Anderson. Está tudo muito bem executado.

O universo é todo construído meticulosamente com base no livro original e alguns dos objetos utilizados são do próprio escritor, Roald Dahl.

É a mistura da rápida mudança de cenário, com a rápida troca de luz, com o acompanhamento de câmara, com a excentricidade da história e das performances que faz esta curta valer a pena.