A sloggi, baseia os seus produtos em termos do conforto que pode oferecer aos seus consumidores e para lançar a sua coleção premium, S by sloggi, resolveu questionar a noção do conforto entre diferentes protagonistas selecionados.
Esta ideia contou com a colaboração do cineasta e fotógrafo Roni Ahn e da jornalista de moda Bella Webb que realizaram um projeto digital, intitulado, S by sloggi, Comfort uncensored. Em geral apreendemos que nos torna confortáveis como indivíduos nem sempre entra nos ideais de conforto da sociedade em geral, o que faz que o conforto seja algo muito pessoal
O projeto apresenta entrevistas aprofundadas com um conjunto diversificado de seis criativos que se recusam a secundarizar o seu conforto. Através das suas histórias transcritas discutem o significado de conforto, como se tornaram confortáveis na sua pele e as pequenas coisas que fazem para tornar o conforto parte do seu dia a dia. Neste conjunto de histórias pessoais temos retratos de indivíduos a expressar a sua identidade de género, repensando ideias restritivas de masculinidade ou simplesmente abraçando o seu sentido individual de estilo, cada um tem uma perspetiva única sobre o que significa estar confortável, tanto por dentro como por fora.
Ed Harris
O artista Plástico Ed Harris, sente-se mais ele quando incarna a Princesa Pedzio, que segundo o próprio é uma versão ampliada da sua personalidade. Aluno da Central Saint Martins sente-se mais confortável nos momentos em que está em performance e a criar arte.
Quem é Princess Pedzio?
Princesa Pedzio é basicamente uma versão muito, muito melhorada de quem eu sou. Foi uma forma de controlar minha sexualidade e minha personalidade e torná-la extremamente extrovertida, para me dar mais confiança. O personagem começou a assumir o controle e eu percebi que não era realmente um personagem, era apenas quem eu era por dentro. Nunca tinha percebido isso antes. Quando estou sozinho, sou totalmente Princess Pedzio. Mas num ambiente profissional já sinto a necessidade de me controlar e conter-me. Muitas pessoas criam personagens a que chamam de alter ego, mas a diferença é que eu sou realmente assim, a Princess Pedzio, que é sexualmente poderosa e um pouco maldosa. Mas também sou daquelas pessoas com quem se gosta de falar. Eu estava muito envergonhado ou com medo de me apresentar assim antes.
Alguma vez tiveste que te censurar para deixar outras pessoas mais confortaveis?
Quando regresso a casa dos meus pais tenho, tenho a sensação de estar a sensurar-me. Eles pagam minha educação e meu aluguel e outras coisas, e eu ivito decepções. Eles vivem numa aldeia e em casa deles nunca vou ser como Morticia Addams. Eles até até estão à vontade com a maneira como me visto em Londres, mas em cas deles sinto-me mais confortável com blusões e sweat. Mesmo em relação aos vizinhos, memo que todos tenham crescido comigo, ainda não sinto que posso ser totalmente eu nessas alturas. Eu não quero afastar-me de todos. Contudo uma mudança até é bom. Para mim até me parece de maior coragem sair na de cabelo despenteado e oleoso e calças de fato de treino do que sair com sapatos de plataforma e um vestido. Porque me sinto mais vulnerável quando perco todo o glamour.
As outras pessoas condicionam o teu conforto?
Totalmente. Costumava raspar o meio das minhas sobrancelhas porque as pessoas diziam que eu parecia esquisita! É tão estranho haver quem se ache no direito de expressar opiniões sobre o corpo de outras pessoas. Eu tive Botox em meus lábios porque na minha escola os colegas comentavam muito que os meus lábios eram finos. Não era para me intimidar, mas quando muitas pessoas frisam esse detalhe tu começas a criar complexos. Quando as pessoas começam a negar a tua aparência as inseguranças instalam-se. Seria mais positivo abraçar todos os tipos de corpos naturais e não julgar outras pessoas. Fui capa de uma revista no ano passado e, quando saiu, senti que o meu corpo estava totalmente editado para parecer maior do que era. O meu rabo é como uma panqueca espalmada parecia-me dilatado e enorme. Sinto que me deviam ter contactado para verificar se me sentia confortável com essas mudanças. Ou então se pensaram que parecia demasiado magrs, deveriam ter escolhido outra pessoa para a capa
Onde te sentes mais confortavel?
Costumo ir regularmente ao mesmo bar com alguns amigos que se tornou uma segunda casa. Conhecemos todas as pessoas que estão lá e, sempre que entramos, somos recebidos com elogios e cordialidade. Quando as pessoas são tão gentis e nos tratam como qualquer outra pessoa, mesmo quando estás altamente produzida de vestido, isso acaba por ser tão reconfortante. Desfilei para uma designer trans chamada Josephine Jones na London Fashion Week no ano passado e todo o elenco era composto por pessoas trans ou não binário. Foi tão inclusivo e incrível, porque podia sentir que dentro daquela sala havia uma certa irmandade, embora nunca nos tivéssemos encontrado antes. Adoro quando entro numa sala e sinto-me bem-vindo, mesmo que não conheça nenhum presente.
Sentes que te encontraste?
Agora sim. Mas definitivamente passei por algumas fases interessantes quando era mais jovem. Quando vim para o CSM, sentia-me desconfortável, porque pensei que todos eram muito resolvidos. Afinal estavam todos em processo de descoberta tanto quanto eu. Eu passo muito tempo sozinho, e faço muita auto-reflexão. Às vezes, sozinho no quarto frente do espelho e reflito sobre o que fiz, o que quero fazer e quem quero ser. Também mantenho um diário, que muitas pessoas consideram infantil, mas realmente ajuda-me. Tenho um diário para o que faço no dia-a-dia, um para comida, outro para encontros e outro para sonhos. Eu tenho uma biblioteca inteira de diários. Apenas escrever coisas ajuda a entender quem realmente és, porque basta olhar para trás no que se escreveu e dar sentido às coisas. Acho ótimo quando as pessoas publicam seus diários, mas eu nunca poderia fazer isso sozinho. Seria muito intrusivo. Adoro autobiografias, mas sempre me sinto um pouco mal ao lê-las.
Quais são os confortos de tua casa?
Meu quarto está cheio de velas e estou obcecado por incenso. Os cheiros agradáveis são muito importantes para me ajudar a relaxar. É por isso que tenho uma coleção enorme de perfumes. Eu gosto de ir às lojas vintage em Notting Hill, porque eles têm perfumes não vendidos dos anos 1950 e 1960. São odores tão diferentes daqueles que hoje encontras no mercado. O cheiro é muito mais profundo. Aparentemente, os perfumes duram mais se forem mantidos no frigorífico. Além disso, as paredes do meu quarto estão cobertas de imagens e pôsteres que me inspiram, e fotos minhas com meus amigos. Fico muito à vontade para ver fotos de pessoas que se preocupam comigo. Quando estás em baixo e sentes que não tens ninguém com quem conversar, eles estão ali para te relembrares.
Sobre o projecto
Este projecto permite que a coleção S by sloggi seja vista a partir de num conjunto de retratos fotográficos ousados, onde os intervenientes aparecem a espreguiçar numa simples t-shirt ou orgulhosamente com um espartilho. Nick Tacchi, Diretor Global de Marca e de Marketing da sloggi, espera que “retirando a auto-censura e testando os limites da nossa zona de conforto, todos possamos aprender a ter uma mente um pouco mais aberta. Muitos de nós ainda estamos a aprender que, para sermos verdadeiramente nós próprios, temos que, por vezes, deixar outras pessoas desconfortáveis e isso não faz mal”.
Com este projecto procura-se frisar o conforto sem censura e o mito de que este possa ser de tamanho único. Na verdade , o conforto é único para cada um. Tão essencial como um par perfeito de calças ou um soutien com um super suporte, uma base essencial para o dia-à-dia de todos.
O projeto pode ser visto em https://comfortuncensored.org/ e os seus criadores no Instagram em @bellawebb_ e @roniahn.