Terceiro dia do Nos Alive

Texto de Hugo Pinto

O último dia do Nos Alive prometia e cumpriu… Quase sempre.

Ao fim de tarde, na tenda Clubbing já reinava o Tecno. Começou com Third Son Live, depois Kristal Klear prosseguiu a batida acelerada. Seguiu-se Kelly Lee Owens em DJ set e quando saí já era a portuguesa Yen Sung que conduzia os pratos. Bons sets que não desiludiram o sempre fiel público da música eletrónica.

Angel Olsen

No palco Heineken, King Princess fez as delícias da pop. Teen music for teen people, muito açucarada. Já Angel Olsen deu um concertão. A americana do Missouri, de sotaque cerrado e viola na mão, cantou e encantou o muito público que assistiu ao seu concerto. Com um jeito simples e uma intimidade quase desarmante para este local, foi sem dúvida uma das rainhas da noite criando ambientes raramente vistos por estes dias.

A multi-instrumentista Tash Sultana tem uma apresentação curiosa ao “tocar live” os samples mas há ali qualquer coisa desconcertante, meio fake.

Machine Gun Kelly

O palco principal arrancou com o dueto de Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes. Passei por lá mas confesso, não resisti muito tempo. É música muito sonsa.

Queens Of The Stone Age

Depois de uns Machine Gun Kelly e o seu nu-metal para teenagers que não convence quase ninguém, chegaram as rainhas do desert rock. Os Queens Of The Stone Age rebentaram com tudo o que foi passou pelo festival nestes últimos dias. Josh Homme está em forma e recomenda-se. Canta e interage com o público, toca guitarra e abana-se vigorosamente, é assim uma rock star. Sim, estão mais velhos mas têm aquela pica tão essencial a quem faz música barulhenta.

Os riffs de guitarra mais conhecidos fizeram dançar a multidão e os refrões dos singles ecoaram pelo Tejo adentro. O volume altíssimo do concerto foi a coroa na consagração dos Q.O.T.S.A. Bravo rapazes! 

Sam Smith

Por fim Sam Smith. Entrou como uma “rainha” e logo me suscita uma pergunta: “O que é que se passa com os corpetes extravagantes este ano?! É moda? Não há limites?!”. De repente uma balada que todos-menos-eu conhecem. Depois outra. E outra. Uma sucessão de baladas melosas. Muito melosas. A mim irritava-me a atitude gay-diva, a voz afinadinha, o guarda-roupa previsível, as coreografias batidas. Aos milhares que, ao meu lado, sabiam as letras de cor, nada disso importava. Cantavam em uníssono, jovens suspiravam de mão no peito, casais beijavam-se romanticamente. Uma das grandes qualidades destes festivais é terem de tudo para todos.

Foi uma noite curta porque a greve da CP impediu-me de assistir a Branko e Boys Noize, uma pena.

Para o ano há mais. Mais momentos memoráveis, mais gente, mais concertos, mais festa. É o que se quer.