Dada a questão do Covid 19, o facto de termos estado confinados nos nossos espaços deu-nos mais tempo para refletir sobre nós mesmos. Daí que tenham surgido para a esfera pública, muitos projetos novos que estavam latentes à espera da boa oportunidade . É nesse patamar que encontramos a motivação de Paulo Cravo, o mentor de @le.mec.cravo no Instagram. É mais um área de interesse de um profissional , do criativo, que estamos habituados a ver na orientação da plataforma Bloom do Portugal Fashion e que tinha como já como historial a marca, Cravo/Baltazar, um dos projetos pioneiros do design de moda nacional. Em @le.mec.cravo, visita várias coleções junta peças e cria os looks mais excitantes da temporada. Ou seja, uma suposta coleção de autor que pode servir-nos de inspiração.

@le.mec.cravo

Quando começaste com o projecto de ilustração de moda – Le Mec Cravo – no Instagram? Quais foram as premissas iniciais?

Este projeto começou em abril, no período da quarentena. Sempre gostei do universo da ilustração e nesta fase aproveitei para explorar e criar a minha pagina le.mec.cravo. Não queria fazer ilustrações sem um propósito, foi neste sentido que decidi conciliar ilustração e coordenação de peças, propondo assim looks com as várias peças de diversas marcas, uma forma de styling mas em formato  ilustrativo.

A ilustração é talvez uma das tuas facetas pouco conhecida. Desde quando a ilustração de atraíu? O O que aprendeste já com o teu novo projecto? Como tem evoluído?

Sim de facto nunca dei a conhecer este meu interesse. A ilustração sempre me atraiu, acho que desde o meu tempo de estudante. Tem sido uma experiência  interessante, com o desenvolvimento das ilustrações neste primeiro mês, tenho tido a oportunidade para explorar novas técnicas e perceber que tem muito para crescer.

A evolução tem sido gradual, os seguidores tem aumentado de dia para dia, as mensagens tem sido várias e inesperadas. Pessoas que perguntam se vendo as ilustrações, se dou curso para ensinar a criar este tipo de ilustrações, algumas marcas têm colocado likes, exemplos como Helmut Lang, Jonathan W Anderson, Alexander Mcqueem, Affix entre outras, tem aberto novas perspetivas futuras, balanço positivo neste início.

São ilustrações quase técnicas, sem que n deixe de estar um cunho de desenho pessoal. No entanto ficamos sem perceber o que pesa mais nas tuas decisões quando os publicas o desenho ou o styling?

Este tipo de ilustração é vectorial, usando apenas um programa Addobe Illustrator. O trabalho desenvolvido em cada proposta parte sempre de diferentes factores, pode ser uma peça que vejo em determinada marca, da pose do modelo, da cor ou grafismo, não sigo uma regra à partida. Na criação de cada ilustração existe sempre algo que quero apresentar, tenho encontrado algunas temáticas com o TWINS, VINTAGE, e espero que no futuro possam aparecer outras.

Quando comparas tudo o que já fizeste, o que é para ti uma realização satisfatória?

O meu percurso profissional já é bastante vasto, acima de tudo gosto de desafios e com esses desafios aprender, o que me torna um designer de moda cada vez mais completo. A realização pessoal reflete sempre bons resultados no meu trabalho, caso contrario não fico satisfeito e não existe realização.

O facto de juntares vários itens que aparecem em diferentes coleções em que medida as tuas ilustrações representam, a tua coleção ideal?

Acho que não pretendo que seja a minha coleção ideal, apenas escolhos as peças que para mim se destacam na estação em que estamos. O facto de ter de ver varias marcas e procurar determinadas peças que pretendo para um Look, faz com que explore um grande número de marcas, isso faz com que descobra muitas marcas que não conhecia, tenho explorado não só marcas com grande visibilidade, mas também marcas emergentes de diversos pontos do globo, tenho tido particular interesse em marcas japonesas. Não tenho objetivo encontrar a coleção ideal o que seria difícil, quero sim encontrar a coordenação ideal do meu ponto de vista. 

Há marcas ou designers que estejam na tua predileção? Representam a tua forma de conceber o vestuário masculino?

Como designer tenho marcas que me identifico mais, mas não tem sido um fator de escolha para desenvolver os Look, mas claro que já propôs várias peças das minhas marcas de eleição. Vejo este projeto como uma ferramenta para conhecer novas marcas, novos mercados e novas realidades de comunicação, ajudando a conhecer melhor o vestuário masculino da atualidade.

Estás desde sempre ligado a orientação de jovens criadores , nomeadamente na organização do bloom, em que medida as tuas ilustrações podem interferir em algo mais didático?

Espero que possa ser didático no sentido de dar a conhecer novas marcas, como trabalhar e coordenar a cor, como abordar silhuetas e proporções de coordenação de peças. O lado didático é abordado por mim sempre que acompanho um jovem designer, sinto que a minha experiência nos vários sectores da industria são a melhor forma de lhes dar a conhecer os melhores caminhos para cada um deles, olhando sempre para os seus projetos, cada um tem diferentes necessidades e abordagens específicas.