Fotografias de Francisco Spratley @franciscospratley

Texto de Francisco Vaz Fernandes

Depois do tremendo sucesso da exposição , Christian Dior, Le Couturier Du Reve, que aconteceu em 2017 no Musée des Arts Decoratifs em Paris, o Grupo LVMH, começou a congeminar a forma de prolongar o efeito reputacional que tinham alcançado. Na verdade, o sucesso desta exposição inaugura antes de mais , o interesse do público em geral pela moda e a sua história o que fez com que muitos projetos se tenham inspirado e tenham repetido o mesmo, com o mesmo nível de sucesso. Ou seja, a boa oportunidade para as marcas fazerem uma releitura do seu próprio passado passando uma imagem que as glorifica. No caso da Dior , logo a seguir a exposição começou-se pensar num outro espaço que pudesse perpetuar o mesmo efeito mágico da exposição. Daí que tenha surgido La Galerie Dior que acaba de inaugurar no início de Março, que mais não é que o Museu Dior

A remodelação dos edifícios da Av Montaigne onde se encontra a loja histórica da Dior acabou por criar a oportunidade de pensar um espaço permanente para exposição de peças de arquivo, um lugar que passasse a ser um passeio obrigatório para quem goste de moda. Tem como propósito fundamental passar a ideia de que a historia de Christian Dior mistura-se com a própria Haute Couture parisiense e falar da Dior dos seus ateliers artesanais é falar de um expertise e de técnicas que vem longe e que são um legado que a Maison Dior soube preservar. La Galerie Dior ocupa precisamente o espaço onde eram os antigos ateliers da Maison Dior, por isso o local da conceção de toda a magia. De certa forma as peças expostas retirados do arquivo apenas voltam ao seu local de origem ganhando agora uma outra cenografia pela mestria de Catherine Crinière a grande responsável pelo sucesso da exposição Christian Dior Le Couturier Du Rêve. Também não estão longe das novas coleções de Haute Couture que ainda se produzem nos andares de cima desse mesmo edifício, mais propriamente o 4º e 5º andar. A cenografia não se esquece desse peso dos ateliers Dior que se encontram mesmo em cimo do seu espaço e por isso cria um dos efeitos mais interessantes em toda a cenografia simulando que o tecto da La Galerie fosse de vidro transparente e que de baixo pudéssemos espiar os pequenos passos e sombras das costureiras no seu labor. Mais que os hoje há uma evocação fantasmagórica de todos que por ali passaram e deixaram a sua marca.

Em La Galerie Dior encontramos a mesma opulência cenográfica que Nathalie Crinière criou para o Musèe des Arts Decoratifs, socorrendo-se da referencia da sobreposição em altura dos efeitos decorativos que acontecem nos edifícios Hussmann parisienses que eram o palco do círculo de Christian Dior. Em la Galerie Dior esse mesmo ideia de verticalidade e profusão de elementos a começar por uma escada gigante de mármore branco retorcido, no centro de um átrio com um Diorama de 1.874 objectos Dior. No meio deles, 452 miniaturas de túnicas ou mini vestidos dos sete designers oficiais da maison: Christian Dior, Yves Saint Laurent, Marc Bohan; Gianfranco Ferré; John Galliano, Raf Simons e Maria Grazia Chiuri. Ao todo, 70 mini vestidos diferentes espalhados por sete décadas, datáveis desde o primeiro desfile inaugural, o New Look de 12 de fevereiro de 1947 até aos dias de hoje. Misturam-se com objetos , acessórios, quer sejam sacos Lady Di ou Saddle; frascos de perfume J’Adore ou boinas múltiplas de Steven Jones. È tudo criado a partir da impressão 3D, necessitando mais de 100.000 horas de trabalho, produz um efeito espetacular e tornou-se a arte mais visível deste novo espaço nas redes sociais, por se tornar um obvio background para uma selfie.

Depois disso abrem-se 13 espaços com diferentes temáticas que oferecem uma releitura de obra de Christian Dior e de todos os outros criadores que lhe seguiram e que trabalham o seu legado e nesse sentido as criações de John Galliano e Maria Grazia Chiuri são os que ganham maior relevo no espaço. A parte audiovisual aparece muito desenvolvida oferecendo grandes projeções tando dos criadores e criações da Maison Dior como dos seus clientes especialmente das figuras públicas que estiveram associados. Para além desse lado mais pública esta galeria procura ainda criar o circulo de intimidade de Christian Dior um dos elementos que ganha aqui relevo e que na exposição anterior não era abordado

La Galerie Dior estará aberta seis dias por semana, excepto à terça-feira. A fim de não sobrecarregar a experiência, a capacidade diária será limitada a cerca de 1.000.

11 Rue François 1er, 75008 Paris