Existe uma expressão usada pela comunidade indígena Ashaninka do Acre (Brasil) que transmite a ideia de ir à procura de algo que, não se sabendo como, nem porquê, ou que direção tomar, temos a convicção de que cada movimento nesta busca nos aproximará do que procuramos, assim como essa se aproxima de nós sincronicamente.

Aguineth Vicente com Headpiece e peça tribal em acrílico Kaibô/Non – foto @lui.avallos

O significado de ATAKOYMOKAIBO abrange toda a energia investida nesta demanda, incluindo a crença na descoberta dessa coisa indefinida. Quando encontrarmos o que procuramos, saberemos que era isso que procurávamos. Amanda Silva sente que a sua vinda para Lisboa em 2019 foi um ATAKOYMOKAIBO e, desta expressão, recortou o nome que deu à sua marca de joias raras Kaibô. Foi precisamente no dia 16 de janeiro de 2022 que, em visita ao Pará (BR), a artista visualiza a primeira peça, inspirada por figuras moleculares e microscópicas, começou a juntar peças e missangas com fios.

Felicia Hunter com peça tribal em acrílico e choker Kaibô/Non , foto @lui.avallos

Um mês depois, de volta a Portugal, pede a Latim Love para desenhar a identidade visual da marca. Na primeira festa Voraz, promovida por Yuri Rios no bar das Damas, as artistas que tocavam, Gadutra e Yuri, assim como pessoas amigas que se encontravam na festa, estrearam em público as joias e nessa mesma noite foi feito um ensaio fotográfico que se encontra na página de Instagram da Kaibô .

“Kaibô é fluxo, fluído, transitável, atravessamento, acontecimento, néon, magia, brilho, mistério, tesão, calypso, aparelhagem em lapidação de joias raras.”

Yuri Rios com choker Kaibô/Non, foto @lui.avallos

Estes produtos, que podem ser desde ganchos para o cabelo, coroas, máscaras, brincos, colares ou até mesmo cuecas, são produzidos artesanalmente e em quantidades limitadas, sendo por isso raros e únicos. Nenhuma peça é igual a outra e até os pares de brincos acabam por ser ímpares.

O processo criativo é orgânico, tendo já uma ideia pré-concebida na sua mente, começa a tecer as missangas com base numa cor ou no objeto que vai ser formado. O encadeamento é intuitivo, Amanda vai delineando as joias e o próprio caminho vai revelando o produto final, podendo se transformar e distanciar da ideia original.

Cigarra com peça da Kaibô , foto de @gadutra

As jóias não têm apenas o nome de ATAKOYMOKAIBO, mas sim também a essência de movimento e ambiguidade: um colar pode tornar-se um brinco, a finalidade vai sempre depender de quem as utiliza.

Recentemente, Kaibô colaborou com o coletivo criativo transfronteiriço NON, fundado por imigrantes inspirades na cultura underground brasileira e clubbing, com o objetivo de explorar variadas disciplinas artísticas.
AKECYMENTO é o nome da coleção que surgiu desta sinergia, sendo composta por dois chokers e uma headpiece, que podem ser adquiridas no site da NON Collective

As peças Kaibô também já foram utilizadas numa sessão fotográfica que ilustrou um artigo da revista espanhola NEO2 sobre o fotógrafo Frederico Santos; em atuações de DIDI, MADU e Dandara Modesto; por Josefa Pereira na performance “Calor” apresentada no Teatro do Bairro Alto;  na performance “Kebra 3000” de Jaja Rolim exibida na Rua das Gaivotas 6; pelo bailarino David J. Amado no concurso Miss Drag Lisboa; no video-clip da música “LUSHO, ELEGÂNCIA E SOFISTICAÇÃO” de TRYPAS CORASSÃO; e ainda no Festival Precárias, de Tita Maravilha em co-produção com a Rua das Gaivotas 6 e a Cão Solteiro.

texto de Tatá Seixo Garrucho


AKECYMENTO Kaibô W/ NON Collective
Fotografia: @lui.avallos @mundi.vagante
Direção artística: @maacastelli @imthaissouza
Maquilhagem: @beatriz.texugo
Hair styling: @local.hair.fairy @miss_soyaa

modelos Aguineth Vicente (@aguineth_vicente), Felicia Hunter (@feliciathehunter) e Yuri Rios (@yurrrios)

foto @lui.avallos