Foi a 23 de março que estreou mundialmente mais um produto original Netflix: Freud. Uma minissérie austríaco-alemã de 8 episódios que mistura factos e eventos imaginários para narrar a história do psicólogo Sigmund Freud. A série é realizada pelo austríaco Marvin Kren, ganha corpo em Viena e constitui-se como um dos thrillers psicológicos mais interessantes dos últimos anos.
Arrojada em algumas das escolhas estéticas – ao carregar várias sequências de mistério com generosas doses de efeitos sonoros e utilização de câmara subjetiva – a plasticidade da série em nada parece exagerada. Pelo contrário, irrepreensível na sonoplastia, guarda-roupa, coloração e edição, o primor estende-se ao invulgar grau de complexidade dos personagens. Personagens empáticos repletos de contradições e camadas de existência várias… à semelhança da psique humana.
Freud apresenta-nos uma trama muito bem cosida e consistente. Com permanentes momentos de interesse, suspense e provocação, que em momento algum parecem tratar-se de mera pirotecnia de guião. A intensidade da narrativa é coerente com o perfil dos personagens. Vale ainda salientar o trabalho de Robert Finster, no papel de Freud, e o de Ella Rumpf, no da complexa Fleur.
Sem nunca deixar de entregar uma narrativa intrigante e instigante embrulhada na melhor das embalagens técnica e estética, Freud destaca-se pela ousadia de catapultar para a opinião pública um tema de extrema pertinência – o da saúde mental.
*Ponto-extra final por se tratar de uma produção de alta qualidade não falada nem em inglês nem em espanhol.
texto por Diogo Graça