texto por Alex Couto @escritorfamoso
fotografia por Maria Rita @mariarita.photo
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Olá Constança, em primeiro lugar vou esclarecer os leitores da Parq de que somos amigos e de que trazemos uma certa descontração a esta conversa que é justificada pela nossa proximidade. Em segundo lugar, estás boa?
Olá amigo, estou bem e tu?
Ótimo, obrigado. A tua marca, Erelisbon tem ganho um destaque cada vez maior na internet e na vida das pessoas. De onde surgiu o teu interesse em joalharia?
Desde pequenina que os meus pais me rodearam de coisas bonitas e interessantes, entre elas a joalharia. Tenho memórias de o meu pai oferecer uma peça à minha mãe em momentos importantes e também de a minha mãe comprar pedras preciosas para fazer as suas próprias criações.
Podemos dizer então que as jóias foram algo que te acompanharam sempre?
Ao longo do meu crescimento tive estilos diferentes, mas as jóias foram sempre uma constante, em diferentes estilos e feitios eram essas peças que sentia que transpareciam a atitude que queria mostrar ao mundo. Acredito que isto tenha tido impacto para anos mais tarde me dedicar a este mundo das jóias.
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Há quanto tempo é que tens a tua marca? O que é que tens aprendido?
A Erelisbon foi criada em 2021 quando senti que a minha carreira em marketing não preenchia o suficiente a minha veia criativa e precisava de um meio para me expressar.
E começaste logo a criar desenhos originais?
Comecei a produzir peças em aço e ao fim de um ano passei para prata e ouro que permitem posicionar a marca num patamar mais interessante. Todo este processo fez-me aprender a ser mais paciente, uma característica que não me é muito natural, mas que é muito necessária no mundo da joalharia, onde tudo leva o seu tempo.
Paciência, a literatura também desafia a minha. Quais são os materiais que mais gostas e porquê?
Tantos, mas sobretudo gosto de materiais na sua cor natural, prata prateada, ouro dourado, etc. Também sou apaixonada por pedras e aí começa um outro mundo de materiais apaixonantes, entre eles diamantes pretos, tanzanites, rubis, e tantos outros. Sabias que uma tanzanite é ainda mais rara que um diamante?
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Não fazia ideia, mas talvez comece a usar essa informação em conversas. Quais são as tuas principais inspirações?
Depende muito das colecções, mas diria que neste momento os objectos do nosso quotidiano e como lhes podemos dar um twist e transformar algo banal em algo muito especial como uma jóia. Mas claro também vou buscar constante inspiração a tudo o que me rodeia, seja a mim, ao meu companheiro, amigos, família ou viagens. Devemos absorver tudo e depois filtrar para ir ao encontro do que imaginamos.
Então e celebridades, há alguma que te dê altas coordenadas estéticas?
Sim, posso acrescentar Kanye West, Margiela, Rei Kawakubo, Michele Lamy e todos os que não têm medo de criar fora do que a sociedade espera.
Por falar nisso, muito fixe teres conhecido a Michele Lamy no concerto do Travis Scott. Trabalhas sozinha ou achas que joalharia pode ser colaborativa?
Joalharia tem que ser colaborativa, uma marca de jóias é um trabalho de equipa, não conseguimos fazer nada sozinhos. Sem o meu joalheiro, as fábricas onde produzo, a minha equipa das sessões fotográficas, o meu companheiro com quem faço constantes brainstorms, seria impossível ser um one women job.
O que é que torna as tuas peças únicas num momento em que joalharia é uma tendência cada vez mais omnipresente?
Acho que as peças da Erelisbon são intrigantes e, algo que me agrada muito, é que são peças que iniciam conversas.
E por falar em conversas iniciadas, há uma que me interessa muito, a da Sustentabilidade. Sei que tens preocupações com isso, como é que a integras na tua marca?
Uma coisa muito importante para mim foi centralizar a produção da Erelisbon o mais perto possível de mim. Todas as peças são produzidas entre Lisboa e o Porto. Para além disso, procuramos usar prata reciclada em todas as peças e minimizar o desperdício.
Assim sim. E o que te levou a ires fazer a campanha da marca para Nova Iorque com a Maria Rita?
A última colecção da Erelisbon foi inspirada nos Yuppies de NYC e o seu universo de objectos do quotidiano, dentro desses mesmos objectos está certamente uma caneta BIC com a tampa mordida e foi isso mesmo que quis trazer para esta colecção. Fez todo o sentido para nós ir para o território que serviu de inspiração para a nova coleção, mais precisamente Wall Street e fotografar lá. Não poderia ter escolhido melhor fotógrafa e parceira de aventuras.
Para acabar, um conselho prático. Tens algum conselho sobre como devemos tratar as nossas jóias?
Sim, vivê-las. Mas, o meu joalheiro pediu para dizer para não colocar perfume sobre as vossas jóias.
Estava a fazer isso mesmo, Constança. Muito obrigado pela conversa, desejamos tudo de bom para ti e para a tua marca.