Texto por Hugo Pinto
Começou o Nos Alive 2025.
E começou logo com lotação esgotada graças às muitas devotas de Olivia Rodrigo mas já lá vamos. Quando cheguei os Bad Nerves apresentavam o seu rock pesado e démodé. Actuaram no Palco Heineken, cuja tenda este ano foi ampliada para 15.000 pessoas. Não havia no entanto muito público. Seja porque ainda era fim de tarde, seja porque este som velho já não colhe muitos frutos, principalmente nas novas gerações que compõem a maioria do público deste primeiro dia.

No palco WTF, Nuno Cabral atuava em sexteto também para pouco público. É assim meio soul lusitano, algo romântico e um pouco indie. Diz ele que faz música há ano e meio, digo eu que se nota e que ele precisa de melhorar.
No palco principal, Mark Ambor dava início a uma noite toda ela dedicada ao público mais jovem. E quando digo mais jovem é menos de 16 anos. Essencialmente raparigas. De cara pintada com estrelinhas e muitos brilhantes. Vestem saias cor de rosa e meias altas, usam batom discreto e adoram ter coisas penduradas na t-shirt. São muitas e vieram cedo.
Mark Ambor também faz música para elas. Bastante jovem e de guitarra acústica na mão, canta sobre o amor em formato pop juvenil.

No minúsculo mas sempre curioso Palco Coreto, o duo portugues de pós-punk “Baleia Baleia Baleia” fazia a festa. Uma bateria, um baixista que canta e… Muita alma. Têm boa energia e entre mensagens políticas, largam um “Não sejam forretas a dar amor!”. Achei o concerto honesto e despretensioso. Eles, e a dúzia de fãs que os acompanhavam, estavam genuinamente divertidos.
De volta ao palco Heineken para a festa de Barry Can’t Swim. Este produtor de eletrónica escocês, que está a promover o seu recente álbum “Loner”, animou toda a gente com a sua indietrónica. House music e uma pequena banda fizeram a malta dançar e resultou tudo muito bem.
No palco principal Noah Kahan debitava um pop rock americano mas que puxa muito ao rock inglês. Tudo muito teen e algo chatinho diga-se. Mas obviamente, nada que esmorecesse as muitas jovens que aguardavam pacientemente por Olivia Rodrigo.

Quase no mesmo comprimento de onda de Barry Can’t Swim, os Glass Animals também deram um bom concerto no Palco Heineken. Música eletrónica, facilmente apreendida, dançável e… algo velhinha. Mas a tenda já estava bem mais composta e toda a gente dançava feliz. È o que se quer.
Depois de um show de drones, que me impressionou porque eu tenho uma certa idade, começa com uma alta rockalhada, Olivia Rodrigo. Fui apanhado desprevenido e fiquei boquiaberto. Esperava pop juvenil e vem esta linda jovem com guitarras elétricas e bateria?! Ao meu redor, grupos de miúdas muito novas cantam todos os temas na perfeição. Elas ficam histéricas em alguns momentos, chegando mesmo a chorar emocionalmente, fiquei deveras impressionado com a qualidade destas fãs.

Depois o concerto segue conforme esperado. Olivia Rodrigo alterna entre o piano, a guitarra acústica e a guitarra eletrica. Os temas são baladas de amor, ou de desamor, ou de amores impossíveis, ou da traição do amado. Há muita miúda a chorar compulsivamente pelas emoções fortes e isso marcou-me.
Alguns temas são singles teen pop animados. Zero de hip-hop, zero de soul/funk. No limite é a escola Miley Cyrus mas sem a facilidade da eletrónica, Olivia é essencialmente acústica e toca vários instrumentos. Sim, continua a ser pop muito juvenil, altamente produzida e perfeitamente formatada mas convenhamos, pelo menos “what you see, is what you get”.
Ela, uma jovem lindíssima, tem o público na mão. Diz que esteve cá o ano passado e que comeu pastéis de nata, ao meu lado a histeria continua com qualquer coisa que Olivia diga, é incrível. Nos últimos anos tenho assistido aqui a várias estrelas pop juvenis mas nada deste calibre. Olivia tem tudo para ser uma estrela maior do universo Pop. Não é para mim este som mas sou demasiado despretensioso para desvalorizar a qualidade desta miudagem.

O concerto de Olivia está em modo automático para fãs e eu resolvi espreitar Parov Stelar antes de ir para casa. E em boa hora o fiz. Parov Stelar, ele que como DJ marcou a música eletrónica de dança nas últimas décadas, conduz um trio de metais, uma bateria e um teclista. Mais um ou outro vocalista. Tudo muito animado, entre a batidinha house, algo de latino, um pózinho de leste e algo dos outros anos 20.
Tudo muito pro, tudo muito adulto. Gostei.
Amanhã há mais.