Há muito que Paris não tinha um criador francês que tivesse todos os holofotes virado para ele. No espaço de um ano, Charles Vilomorin, um jovem de 24 anos conseguiu a proeza de lançar a sua primeira coleção em nome próprio, algo já de si impensável para muitos jovens criadores, quanto mais num ano difícil de pandemia. A par disso conseguiu integrar a sua mais recente coleção na semana da Haute Couture de Paris apresentada no final de Janeiro e recebida com grande aplauso. Foi o mais jovem criador de sempre a estar integrado na semana de Haute Couture, o que não passou despercebido a casa Rochas, uma casa centenária de Moda, que o convidou de seguida para ser diretor artístico da sua Maison parisiense. Ou seja esse início de 2021 não podia ser mais prometedor para Charles de Vilmorin
Formado pela Chambre Syndicale de la Haute Couture, desde a sua primeira coleção foi de imediato comparado em termos de génio a Yves Saint-Laurent, referencia que lhe agrada mas que lhe traz grande responsabilidade. Uma responsabilidade que é aliviada pela apoio de, Jean Paul Gaultier, que retirado do mundo da moda, se tem apresentado como o padrinho desta meteórica carreira, mesmo em termos financeiros , fuma vez que foi o grande financiador da coleção de Alta Costura que Charles Vilmorin apresentou.
Filho de uma professora de teatro e de um pai instalado no mundo financeiro da moda, Vilmorin, é um parisiense que vive a energia cultural da sua cidade, muito em torno da moda. Ele sente-se influenciado no essencial pelas suas vivencias que comparte com os seus amigos da sua geração e oferece coleções que se distinguem pelo impacto dramático conseguido pela exploração de cores e formas bold. Ele parece recuperar o espírito boémio da Paris antiga, explorando uma armosfera artística e surrealista . Há quem tenha comparado as sua coleções às esculturas da francesa Niki de Saint Phalle, onde também encontramos o mesmo tipo de vibração de cores. Certamente o mundo surrealista interessa-lhe assim como o universo onírico que está muito presente no filme que criou para o GucciFest, um festival de cinema da Gucci que tinha a curadoria de Alessandro Michele
Texto de Maria São José