Texto por Patrícia César Vicente @patricia.cesar.vicente

Um verdadeiro desfile em Paris não vive apenas da roupa, e das ruas cheias de gente que se acumulam por todo o lado. Numa cidade que se torna pequena para tanta gente entre desfiles e eventos, a verdade é que é a eterna cidade da Moda, onde todos sonham chegar com a sua visão.

Lugares exclusivos, reservados, acesso limitado e milhares de olhares. Será assim em cada desfile, mas o que torna cada um deles único é a forma como comunicam, e expressam a essência da sua marca.

imagem de backstage – Casablanca Paris

CASABLANCA com o desfile Outono-Inverno 24 mostrou a inspiração na Grécia antiga, com os ritos de purificação e iniciação de Elêusis, Venus As a Boy foi o desfile em que CASABLANCA acentua a sua imagem, desfile após desfile. A combinação de cores, e as peças descontraídas, possíveis de serem usadas em qualquer altura do dia, mostra como a moda pode ser fácil de usar, sem perdermos a nossa autenticidade.

Charaf Tajer, fundador e director criativo com a música de Bjork “Venus as a Boy” criou uma colecção que junta tecidos e cores que resultam muito bem como um quadro principal, mas claro que um desfile como este reúne arte sob diferentes formas. A música, o espetáculo em torno do desfile, criaram a moldura perfeita. Toda a atmosfera girava em torno de looks que nos dão a sensação de sermos únicos, e de sabermos exactamente qual o nosso ADN. A curiosidade de quem cria leva-nos para diferentes interpretações de beleza. Num desfile em que cada pessoa sentada a assistir teria um coordenado que gostava muito e lhe dava a sensação de ser uma pessoa, conforme mais à frente elegia outro coordenado como sendo o seu preferido, e dessa forma seria uma outra personalidade ou faceta da mesma pessoa.

imagem de backstage – Casablanca Paris

No mundo de hoje não somos só uma coisa, um estilo, ou uma música. Talvez por isso, CASABLANCA juntou no mesmo dia, à mesma hora e no mesmo lugar um desfile que nos despertava a curiosidade. Não só do que viria a seguir, mas também de quem é que nós seríamos a seguir depois de vestirmos diferentes peças que desfilavam à nossa frente.

Sobre a Grécia antiga, sobre arte, diferentes culturas e abordagens à beleza. A curiosidade gera mais curiosidade. A música como céu, a arte como tela, e a cada passagem de cada modelo estava à nossa frente o quadro perfeito. Os ritos de purificação são isto mesmo. Uma forma de assumirmos outras formas depois de estarmos nos lugares certos.

imagem de backstage – Casablanca Paris

Tajer tem transmitido a sua visão, e leva CASABLANCA a ter cada vez mais relevo e força na moda. As suas inspirações têm aberto a porta para um público cada vez mais atento, que compreende que a simplicidade por vezes é difícil, e só poderá ser entendida por alguns.

Texto publicado em PARQ_80.pdf (parqmag.com)