BEFORE THE BALLOON GOES UP
Texto por Isabel Gonçalves Lopes (@bellabellux)
André Cabral nasceu em 1990. Cresceu no Seixal e mais tarde mudou-se para Lisboa para estudar na Faculdade de Letras. Sempre gostou de dançar, mas foi com 16 anos, enquanto frequentava o secundário, que o bichinho da dança começou a crescer através do hip-hop, mas foi apenas com 20 anos que decide que quer mesmo ser bailarino e inscreve-se na Escola Superior de Dança. Acaba por desistir da Escola Superior para poder estagiar na Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo com o coreógrafo Vasco Wellenkamp. Um ano mais tarde faz uma audição para uma peça da coreógrafa Clara Andermatt, começando assim a trabalhar com a mesma. “Fui freelancer durante oito anos e vim agora para uma companhia, estou num contexto completamente diferente (…) Estás sempre a correr e depende tudo de ti. Estava todas as semanas de mochila às costas, todas as semanas a dormir numa cama que não é minha. Ou dormes num hotel ou num hostel ou um teatro te dá umas condições muito boas. Depois voltas para Portugal e vais dançar ali não sei aonde e dormes numa pousada.”
Em Setembro deste ano mudou-se para Bruxelas para trabalhar para a Companhia Thor. “É uma companhia de autor, do coreógrafo Thierry Smits, criada em 1990. Sinto-me privilegiado por poder trabalhar com ele porque ele é da velha guarda, mas da Bélgica (…) Agora estamos em fase de criação, começámos os ensaios a 5 de outubro. Iríamos estrear para a semana. Agora até nova decisão só podemos estrear a partir de fevereiro. Em vez de fazermos 2 semanas de espetáculo vamos fazer um mês e meio. Depois no final de junho fazemos uma nova peça.”
A dança contemporânea é o seu day-job, no entanto, uma das suas paixões é dar aulas. Infelizmente, devido às digressões que fazia pela Europa com os coreógrafos com que trabalhava, não era possível conciliar as aulas que dava. “Eu ainda me sinto muito numa fase de descoberta. Acho que no fundo tenho um bocado de Síndrome de Peter-Pan. Todos os meus amigos mais próximos estão casados ou querem ter filhos. Isto é uma fase a que eu ainda não cheguei. Ao passo que, sinto que a dança vai ser sempre a minha ferramenta, porque fez com que eu crescesse e abriu muitas portas na minha vida. Eu consigo colocar-me no mundo através da dança. Apesar disso, gostava de explorar outras coisas.”
Conceito: Francisco Narciso (@franarciso) e Sara Peterson (@addicted.prod)
Fotografia: Francisco Narciso (@franarciso) e Luís Gala (@galagalinha)
Styling: Sara Peterson (@addicted.prod)
texto por Isabel Gonçalves Lopes para a revista PARQ 68 Dezembro de 2020