Texto de Hugo Pinto
Quando cheguei os Scuru Fitchadu já estavam em modo kuduro hardcore, way too soon for that if you ask me… mas eles tentavam e já havia quem se abanasse.
No palco mais escondido, denominado Panorama(?) , Gazzi era o DJ. Num set eclético, a abusar do Tecno, tentava animar os poucos que compareceram.
Eram 17.00 quando José González veio apresentar na íntegra o seu disco de estreia “Venneer”, que já faz 20 anos e se tornou um clássico. Sozinho em palco com a sua guitarra, excepto quando convidou o trompetista Pedro Duque para “Broken Arrows”, José González deu um concerto magnífico e algo mágico. Uma intimidade desconcertante para os festivaleiros mas que funcionou muito bem. Termina o concerto com versões de “Love Will Tears US Apart” e “Teardrop”. Joy Division e Massive Attack na guitarra acústica por um sueco com nome espanhol, quem diria?!
Noutro palco, Rita Vian actuou sozinha na frente enquanto ao fundo um jovem lança beats melancólicos. Coisa meio trip-hop e atmosférica. Ela canta em tom de música popular, num bom português em que se percebe o que diz. A sua voz não é muito dinâmica mas é ritmada, dava uma boa rapper mas os beats são meio pobres.
Os M83 foram uma surpresa, logo à cabeça porque são 5 ou 6 em palco e o seu som ao vivo é algo orgânico e ainda assim pop. Esperava eletrónica secante e foi engraçado. O jovem cantante acaba por ser o que mais me irrita neste som, às vezes bastante meloso, mas o público, que era muito e animado, sabia as letras e cantava os singles.
Os Metronomy começaram muito chatinhos, com aqueles solos de guitarra matadores. Tiveram um público de fãs em êxtase logo no segundo tema mas achei uma pop mastigada e demasiado juvenil. Adiante.
Os Blur começam com um “I fucked up” e seguem num desfile de hits de quem tem muitos anos disto. Damon Albarn adora o público e salta, canta, dança, toca piano e guitarra, sempre divertidíssimo. Dá-nos os parabéns porque foi ao Museu de Marionetas, “AMAZING”.
Mais tarde, de bandeira azul e rosa nas costas, canta “Girls who want boys, Who like boys to be girls, Who do boys like they’re girls, Who do girls like they’re boys… Always should be someone you really love!!!”. Damon Albarn acaba de joelhos a agradecer ao público, está visivelmente bem disposto, certamente feliz por encerrar a tournée de verão… aqui.
Os Blur deram um belo concerto, talvez o melhor da noite.
O londrino Ben UFO, patrão da editora “Hessle Audio”, mostrou porque é um dos mais excitantes produtores na cena pós-dubstep. Num set durinho, nas margens do Tecno mas muito I.D.M., Ben UFO brinca com os tempos como se fora Ornette ou Coltrane. Tem uma seleção criteriosa de temas, esperta e surpreendente. E, tal como os melhores, passa o tempo a pôr e tirar, a rodar botões e a inovar.
Os Prodigy têm alta banda sonora de hip-hop old school antes de começarem e arrancam muito bem com “Breathe”… Aquele riff de guitarra conquista logo o público. Um vocalista esforçado, uma guitarra quase sempre distorcida, um baterista decente e um DJ a lançar aqueles beats muito sujos que caracterizam o som dos Prodigy. A questão é que eles nunca passaram de meia dúzia de singles e, para mim, a coisa esgota-se cedo.
É uma hora, até amanhã.