texto de Francisco Vaz Fernandes
fotos de Cláudia Rocha
O palacete, Gomes Freire acolhe pela terceira vez o Lisbon By Design, que em 2021, pela mão de Julie de Halleux abria portas à primeira feira de design portuguesa. Esta nova edição mostra uma evolução e hoje temos uma feira que é mais orientada para os artistas e não tanto para as galerias como aconteceu na evento inaugural, onde o caracter vintage e os ícones históricos do design eram mais vincados.
Para além de um projeto mais maduro, o evento, surge em paralelo, a uma segunda iniciativa, o Lisbon Design Week, que acontece pela primeira vez . Este novo projeto propõem um circuito de galerias design e espaços que acolhem exposições de design criados para o momento. Ou seja, o design parece invadir o centro de Lisboa e tendo em conta o número de visitantes nos dois primeiros dias, há um público que responde com grande entusiasmo e interesse.
Referente as propostas da Lisbon by Design, os projetos expositivos estiveram em geral bem conseguidos. Verificamos que a jovem criação nacional tem uma presença privilegiada. Grande parte deles exploram as tradições portuguesas, retrabalhando técnicas ancestrais a partir de novas perspetivas de design. Temos ainda outros designers que sendo estrangeiros residem em Portugal ou produzem em Portugal, explorando o savoir-faire tradicional português.
Este ano a entrado do palacete é marcado por três trabalhos de grande impacto de Vanessa Barragão. Apresentados pela Analora Gallery, estes trabalhos surpreendem pela nova volumetria e revelam novas preocupações da artista e uma evolução em termos de soluções de tecelagem.
Em termos expositivos encontrou-se muitas vezes a colaboração de artistas que conseguiram criar espaços com grande impacto cénico. Em especial a sala que juntou as mesas do estúdio Barracão, aos murais de Laura Vitorino Rebelo e aos candeeiros de Martinho Pita. Percebe-se que houve um cruzamento de ideias para que todas as propostas dos criadores possam estar bem integradas dando uma imagem forte do conjunto. Também o grupo que juntou a Tosco Studio, com mesas de cimento colorido, às cerâmicas da Vago Ceramics e às tapeçarias de Carolina Vaz são outro bom exemplo de complementaridade num espaço de reduzidas dimensões e que à principio podia ser limitativo.
A galeria Bessa Pereira trouxe como novidade , uma reedição do banco pata negra, de Fernando Brizio. Este que é um dos grandes ícones de design de português aparece em três versões, consoante o tipo de madeira em que foi reproduzido. A Oficina Marques, trouxe paineis em cerâmica que seguem o mesmo esquema que usa para construir murais a partir de composições em madeira.
De referir ainda o trabalho da Fantasque a marca de Lucie Schweitzer que aplicou a sua interessante iconografia de inspiração surrealista num conjunto de tapetes de lã. A Cabana Mad, a galeria gerida por Antonio Littieri, aproveitou a oportunidade para divulgar obras que resultam de programas de residências artísticas que desenvolve em Portugal. A peça de Matteo di Ciommo era um bom exemplo. Inspirada na paisagem do Alentejo, o artista italiano criou uma espécie de maquete em madeira com um segredo, uma janela que se abre dando-nos perspetiva de um casario numa montanha, tudo em miniaturas.
A Burel Factory e a Fabricaal, as empresas com maior dimensão e reconhecimento público, puderam mostrar a versatilidade dos seus produtos e múltiplas utilizações. Ambas procuram estender as suas propostas para novos domínios . Felipa Almeida , para além de mostrar as suas cerâmicas foi responsável pela montagem do espaço da Fabricaal explorando um certo pitoresco alentejano.
Palacete Gomes Freire, Rua Gomes Freire, 98, Lisboa