As Pontes de Madison County
Texto de Rita Ramos
Em Junho de 1995, estreia no cinema, provavelmente o filme mais dramaticamente romântico de sempre. Um filme que resiste ao tempo e emociona gerações. Uma obra que nos esmaga com as suas interpretações intimistas. Dois protagonistas que nos prendem e apaixonam a cada cena. Em Junho de 1995, estreia o filme “As Pontes de Madison County”.
Baseado no livro de Robert James Waller, foi adaptado ao cinema por Clint Eastwood, que para além de realizador também é protagonista ao lado de Meryl Streep. Estes dois monstros do cinema dão vida a uma curta e intensa história de amor. Com uma química romântica que não nos deixa indiferentes, este filme chega-nos em forma de diário lido pelos filhos de Francesca (Meryl Streep) aquando da sua morte. No testamento de Francesca, esta pede aos filhos para ser cremada. Prevendo em vida que os filhos não aceitariam de forma leve a sua cremação, Francesa deixa-lhes três diários onde relata a sua história de amor com Robert (Clint Eastwood) e justifica este seu último desejo.
Robert Kincaid, fotógrafo da National Geographic, desloca-se até ao estado de Iowa para fotografar as pontes de Madison County. Perdido, pede indicações à dona de casa Francesa Jonhson. Francesca, presa no quotidiano de uma família que ama mas que não lhe é suficiente, rapidamente se disponibiliza para ajudar Robert na sua reportagem fotográfica. De forma tranquila mas arrebatadora, envolvem-se numa paixão intensa e urgente pois a família de Francesca só está ausente durante quatro dias. Ao longo destes quatro dias, este casal improvável ama-se profundamente ao mesmo tempo que se atormenta com o desfecho fatalista do seu romance. Os blues que ouvimos constantemente no rádio de Francesca ainda nos deixam mais envolvidos neste amor doloroso e incontrolável onde quase conseguimos sentir na pele o calor desta paixão. Cada detalhe é cuidadosamente pensado.
Francesca transforma-se numa mulher eroticamente livre cada vez que está na companhia de Robert e volta a fechar-se no seu casulo rotineiro quando a sua família regressa de viagem. Robert vai deixando a pele de lobo solitário à medida que se entrega a Francesca. A transformação no olhar de ambos à medida que o seu amor cresce é inenarrável. Magistralmente interpretado por dois dos maiores vultos do cinema mundial, o filme “As Pontes de Madison County” continua a tocar o coração mesmo dos menos românticos e nos tempos pouco empáticos que vivemos, ver este filme devia ser de carácter obrigatório. O filme termina de forma triste e tranquila, as cinzas de Francesca voam para junto de Robert encerrando na morte o amor das suas vidas.
Texto de Rita Ramos para PARQ_71.pdf (parqmag.com)