texto de Francisco Vaz Fernandes

Fotografia de Maria Rita

Styling de Tiago Ferreira

José Condessa, foi convidado para fazer capa da edição 71 da PARQ e a esse propósito realizou-se uma editorial de moda que acompanhava uma pequena entrevista

1- Em que medida te sentes uma pessoa do teu tempo?

Na verdade não sei se me sinto uma pessoa do meu tempo. Por vezes sim por outras não. Considero-me uma pessoa interessada e curiosa, que procura conhecer mais e melhor para crescer mais completo. expandir os horizontes, acho que é isso. Nisto talvez seja do meu tempo ou tente acompanhar o meu tempo. Nem sempre é fácil dada a rapidez com que as coisas evoluem. Em contrapartida gosto de dar valor e apreciar coisas de outro tempo que não o meu. Principalmente música, livros, cinema acho que a arte em geral.

2- Que aspetos da tua vida , do teu tempo que poderias dispensar?

Se pudesse, dispensaria a pressa com que tudo acontece. Se por um lado tudo é rápido e somos incentivados a acompanhar a evolução, a verdade é que também o tempo que guardamos para nós próprios é cada vez menor. Menos temos tempo para o ócio e para criação (agora falando como ator) e perdemos demasiado tempo colados a ecrãs (muitas vezes não certos de que a vida realmente está a passar)

3- Enquanto figura pública em que momentos achas que deves intervir?

Quando sinto que devo intervir faço-o não por ser figura pública mas porque acredito no que estou a defender. Tento manter-me fiel ao que acredito e defendo-o em qualquer situação no dia a dia ou numa rede social. No entanto acredito que como figura pública a minha voz é mais ouvida. O quebrar dos preconceitos e estigmas (principalmente junto dos mais novos que nos acompanham e nos seguem) deve e passa por nós. Quer nas redes sociais, quer no nosso trabalho há a obrigação de quebrar preconceitos e injustiças, de abrir horizontes e defender o respeito.

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4- O que é para ti intimidade?

Há uma linha muito ténue, que nem sempre é vista com clareza tanto da parte dos outros como de nós próprios. A minha intimidade é a minha família e os meus amigos que não escolheram viver debaixo de foco e que devo protegê-los. Acho que muitas vezes sofro mais como eles estarem incomodados do que quando é comigo.

5- És uma pessoa de rotinas ou pelo contrário, como geres o teu tempo ?

Na vida pessoal não sou de rotinas, gosto que todos os dias seja diferentes com “surpresas”. Os meus dias variam entre ter horário ou não ter, ter dias preenchidos ou dias de ócio e desporto. No que diz respeito ao trabalho há pequenas rotinas que cumpro, principalmente em teatro, mas também essas rotinas mudam de espetáculo para espetáculo.

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6- Tiveste algum ator que te tenha servido de modelo e que tenha desempenhado um papel importante naquilo que hoje és?

Há alguns atores que foram para mim uma referência e um exemplo em vários momentos da minha via. Mas há dois nomes que tenho de realçar, um deles é o Nuno Lopes por admirar o seu trabalho a forma como se envolve com o personagem e como cria uma ligação como o público seja em cima de um palco ou mesmo através do ecrã. Admiro o seu trajeto e gosto quando dizem que temos parecenças. O outro nome foi alguém com quem tive a sorte de trabalhar. Partilhámos o palco numa das peças que mais guardo no coração. Esse ator é o Felipe Duarte, de quem guardo inúmeras conversas, muitos abraços e palavras de segurança que me ajudaram a crescer como ator e pessoa. O Felipe é (e digo é porque sei que continua por aqui) um ser humano como encontrei poucos que marca pela sua inteligência cénica e por dar muito mais ao colega do que pede para si. É uma referencia de ator e de ser humano.

7- Cada vez mais os atores encontram meios para controlarem a sua própria imagem, estão a frente e atrás da câmara, mas já te imaginaste a dirigir uma peça ou um filme? 

Já me imaginei mas acho que ainda não é o tempo certo. Mas quando o fizer sei que será pela necessidade de dizer algo ou de querer expressar o meu ponto de vista sobre algo que faço com amor.

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8- E qual a tua relação com a moda. Pacífica ou uma guerra?

Nem uma nem outra, gosto de moda e de acompanhar as evoluções, mas também não me considero um especialista. Talvez um curioso que vê a moda como uma expressão artística. Quando a moda se cruza com o meu trabalho de ator, gosto de arriscar e de inovar.

9- Quando é que te gostas de sentir uma figura impactante quando pelo contrário um certo descuido até sabe bem?

Sou um meio termo das duas coisas. Diariamente sou simples e prático, não diria descuidado mas pragmático. Mas há dias em que também gosto de gastar mais tempo comigo.

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10- O que significa para ti conforto?

O conforto é tranquilidade. É não cedermos no que gostamos. Mas por outro lado o conforto em certas situações pode ser prejudicial e pode fazer com que fiquemos estagnados. Ou seja o conforto pode ser nosso amigo ou não.

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jardineiras e casaco Levis Red Tab e botas Bottega Veneta na @stivali
cardigane malha Alamui, na @stivali

fotografia Ana Rita, Styling Tiago Ferreira, make up Verônica Zoio, hair Dora Mendes para Flow by Dora, nails Sandra Luz para Dez Studio, assintente de fotografia Alexander Lund e assistente de styling Margarida Venâncio

Editorial produzido para PARQ_71.pdf