Na Capa da edição #69 da Parq https://www.parqmag.com/pdf/PARQ_69.pdf

Pedro Mafama fotografado por Sérgio Santos, veste blazer vintage BURBERRY na Betina
Vreeland, earcuff TOUS , correntes PORTUGUESE JEWELS

 Momentos em que não te sentes nada deste tempo?

Sou uma pessoa que se interessa muito pelo tempo em que vivemos e encontro sempre estímulos no que se passa à minha volta para criar a minha música, quer sejam as coisas boas ou as coisas más do mundo. Não sou muito nostálgico, no sentido em que acredito que vivemos num tempo verdadeiramente interessante em que estão a acontecer coisas tão decisivas e marcantes como em qualquer outra época.

Mas também sou muito sonhador e gosto de me perder em pensamentos e usar a imaginação para viajar até outros tempos e lugares. Gosto muito de imaginar como seria a vida há 3, 6 ou 10 séculos e pensar que se calhar a minha experiência neste mundo não é tão diferente quanto a de uma pessoa que pisou o mesmo chão que eu há 8 séculos, e olhou o mesmo céu estrelado que nós olhamos. Acho que todos nós, em qualquer tempo, fazemos mais ou menos as mesmas perguntas e passamos todos a vida à procura de respostas.

 Momentos em que gostaria de estar já no futuro?

Às vezes gostava de chegar mais rápido a todo o sítio onde quero chegar, gostava de já ter lançado o meu álbum de estreia, e fazer já hoje tudo aquilo que quero fazer um dia. No entanto, fui aprendendo a tirar prazer no acto de fazer as coisas, e não na expectativa dos resultados. Quero saborear o momento e o processo, porque isso é tudo o que nós temos. Sinto também que a partir do momento em que comecei a focar a minha atenção em fazer o melhor com aquilo que tenho à minha frente, em vez de viver sufocado pelas minhas ambições e pela ânsia de chegar mais longe, as coisas começaram verdadeiramente a dar certo e comecei a caminhar para onde quero chegar um dia.


Momentos preciosos do teu presente?

Sempre que consigo juntar palavras bonitas e improváveis numa letra, criar uma melodia interessante, juntar sonoridades ou imagens de uma forma a que elas façam uma faísca. Mas  não tenho só momentos preciosos a trabalhar, também adoro os pequenos momentos sublimes da vida, como uma linda noite de luar, uma palmeira a abanar ao vento, aquela primeira brisa de verão do ano.

O filme da tua vida?

Os filmes da minha vida vão mudando muito de tempo em tempo, mas neste momento é capaz de ser o “Fado: Origem de uma Cantadeira” com a Amália Rodrigues, de 1947. A história é o clássico conto sobre o sucesso repentino e a ascensão social, e tem todos os clichés da época e do regime político dentro do qual foi feito, mas a Amália está linda de morrer no filme, a banda sonora é de chorar pela nossa mãe, e todo o universo de Alfama que o filme retrata é-me familiar por ter crescido ali ao pé, na Graça.

A música da tua vida?

Talvez seja o “Esse Olhar Que Era Só Teu” dos Dead Combo. Ou o “Gaivota” da Amália… Ou o “Mar E Morada Di Saudade” da Cesária Evora. Não consigo escolher entre as três músicas, e no final do dia elas falam as três sobre a mesma coisa!

Fotografia : Sérgio Santos @sergiosantos.studio Styling : Raquel Guerreiro @raquelguerreir e Maria Nobre @noble_mary Hair : Eduardo Estevam @eesteban Make Up : Beatriz Teixeira @beatriz.texugo Nails Artist : Sandra Luz @sandraluz_ para Dez Studio @dez_studio assistente de fotografia : Teresa Andrade