Departure

O galerista de origem franco-alemã, Jean Claude Maier, com galeria aberta em Frankfurt desde 2011, abre um espaço efémero em Lisboa, propondo uma exposição, que não deixa de ser uma impressão da dinâmica cultural da cidade. Para si, uma cidade que tem despertado interesse por conseguir canalizar novas energias que se estabelecem alimentando e indo além da tradição local. É uma experiência que contou com a curadoria do artista angolano Januário Jano, residente entre Lisboa e Londres que conta com a sua própria experiência pessoal para refletir sobre a questão central da exposição, as transformações que ocorrem na transposição de um local para outro, em termos de identidade, enquanto percurso emocional e temporal que se constrói percorrendo.

Alice Marcelino, fotografia sobre chapa de cobre

Departure conta com obras de 10 artistas, de diferentes nacionalidades , mas que tem um ponto em comum, uma relação com a escola de artes Goldsmiths University em Londres, onde Januário Jano foi finalista do MFA Fine Art. Ou seja, colegas com quem partilha esse sentimento de deslocamento, tanto mais que, sendo a Goldsmiths University uma das escolas mais importantes de arte, responsável por um grupo de artistas ingleses que no final dos anos 90 seria mundialmente conhecido pelo Young British Artists, se tornou um centro internacional de jovens estudantes de arte. Ou seja, uma comunidade internacional, que para além das suas particularidades culturais se estabelece num panorama globalizante.

Anna Perach , máscara feita em lã

Além desse encontro em Londres e na Goldsmiths University, algum desses artistas presentes, têm tal como o curador , uma relação com Lisboa e são por si, um exemplo do dinâmica cultural da cidade qe se faz de dentro para fora e vice-versa. Lisboa torna-se então o ponto ancora, dessa exposição e o conjunto de trabalhos uma amostra desta nova realidade pluralista. Alice Marcelino, outra luso-angolana e Anna Perach, apresentam trabalhos em torno de uma questão identitária . Em Januário Jano e em Jaime Welsh essa mesma questão ganha uma dimensão ritualista. Rebeca Romero, questiona transposição das produções culturais, o seu canibalismo, num discurso onde as questões pós-coloniais dominam.

Departure- Rua do Ferragial, 1 Chiado Lisboa. Até 10 de Dezembro

www.jeanclaudemaier.com

Januário Jano, conjunto de fotografias
Jaime Welsh, fotografia
Rebeca Romero, objecto em louça e caixa de madeira