Life Coach
texto de Patrícia César Vicente
Isabel Conde é Life Coach e já transformou a vida de mais de vinte mil pessoas. Com um programa criado por si e adaptado a qualquer pessoa. Depois de muito ouvir falar da Isabel, o passo seguinte foi conhecê-la e entrevistá-la para a Parq Magazine. Com direito a perguntas difíceis, mas tão necessárias para este tema.
Patrícia César Vicente: Como começaste o teu percurso?
Isabel Conde: O meu percurso começou em 2012. Eu não tinha muita autoestima, era muito insegura, não gostava muito do meu corpo, era gordinha. Passei por bullying na escola e essas coisas todas juntas fizeram com que em 2012 quisesse mudar. Via capas de revista com mulheres esculturais e perguntava-me como é que era possível terem aquele corpo. Qual é que era o segredo? O que é que elas faziam ou tomavam? Foi então que comecei a investigar, a pesquisar e comecei a perceber que era através de uma alimentação, um treino adaptado, através de alguma suplementação, e comecei a aplicar a mim mesma. Tive resultados e comecei a perceber que era por ali o caminho. Transformei o meu corpo. Decidi partilhar os meus resultados, criei o meu instagram em 2012 também. Mostrava as minhas refeições, a evolução do meu corpo e as pessoas começaram a questionar-me. E foi a partir daí que comecei a transformar também o corpo de outras pessoas. Mas quando comecei não fazia ideia da dimensão que ia tomar. Desde então, que fiz vários cursos, pós-graduações e comecei a trabalhar a sério, digamos assim, até hoje. Onde já tenho uma equipa médica a trabalhar comigo.
PCV: Desde sempre que te sentiste motivada a transformar a vida das pessoas, como conseguiste transformar a tua?
IC: Percebi que isso me trazia uma enorme realização. Quando comecei a ajudar as primeiras pessoas, recebi mensagens a agradecer e via que estavam felizes. Recebi mensagens, vídeos, testemunhos da felicidade das pessoas. E percebi que essa era a minha missão. Acho que todos nós temos uma missão e eu percebi que essa era a minha. Se tivermos um corpo com o qual nos sentimos confiantes é meio caminho para termos sucesso noutras áreas da nossa vida. Seja ele como for, desde que as pessoas se sintam confiantes isso é que importa.
PCV: O que é que acontece quando recebes alguém numa primeira consulta?
IC: A primeira coisa a fazer é perceber o tipo de pessoa que nós temos à nossa frente. Que motivações tem, que bloqueios tem, que gostos tem, que tipo de vida tem. É conhecê-la. É perceber por onde começar com aquela pessoa. Todos somos diferentes e cada pessoa tem um tipo de abordagem. Depois sim, entramos com a parte do treino, da alimentação mais funcional integrativa, um treino personalizado, suplementação totalmente personalizada. Mas a primeira coisa é sem dúvida, perceber quem é a pessoa que tenho à minha frente. A parte do sistema nervoso, emocional, como é que está tudo a funcionar na vida da pessoa.
PCV: Qual o segredo para teres tanto sucesso?
IC: Eu fico feliz com essa pergunta. O sucesso é a partir do primeiro dia em que tu acertas no teu caminho. Quando começas a ter o teu primeiro caso de sucesso é aí que começa o teu sucesso. A medição do sucesso gera alguma ansiedade. É muito importante perceber que se olharmos para o nosso caminho, provavelmente já tivemos sucesso. As pessoas podem é querer ir mais longe.
PCV: Manténs uma relação de proximidade com os teus clientes, acreditas que isso é a melhor forma de motivação?
IC: Tenho muitos clientes presenciais, mas a maioria são online. Tenho muitos clientes que não vivem em Portugal, por exemplo. É difícil manter proximidade com tantas pessoas, mas tento sempre ser o mais próxima possível, tudo passa por mim. Independentemente de haver uma equipa e termos pessoas específicas para cada área tudo passa por mim.
PCV: Sugeres um estilo de vida saudável, mas se te acompanharmos percebemos que não é apenas um estilo de vida porque parece bem ou apenas associado à imagem, mas sim, é de quem se preocupa realmente com as pessoas. Estudaste psicologia e certamente ouves atentamente os teus clientes. O que ouves é mais ou menos preocupante do que o aspecto físico com que os conheces na primeira consulta?
IC: O estado emocional, sem qualquer dúvida. É exactamente aquilo que a tua mente pensa e a tua mente vê que te torna na pessoa que tu és. Portanto, para mim é muito importante mexer com a mente das pessoas, por isso faço também o trabalho de mental coaching. Tento fazê-las entender que nem tudo são fraquezas, são bloqueios. É medo, ilusão. Há pessoas que têm problemas e há outras que não têm problemas, criam bloqueios. Ninguém consegue manter um estilo de vida com o qual não se identifica durante muito tempo. Ainda há pessoas que acreditam que se toma um comprimido mágico que muda tudo, mas não. Aqui é feito um trabalho para tornar as pessoas mais felizes. Eu sou coach e o meu objectivo é trabalhar as pessoas de forma a que elas sejam umas máquinas na sua própria vida, trabalho a parte da saúde em geral e é isso que causa impacto. Pessoas com problemas de sono, com problemas hormonais, crises de ansiedade, ataques de pânico e aqui tratamos as pessoas. Há uma equipa para isso.
PCV: Vivemos numa época em que acedemos às redes sociais e a imagem é extremamente valorizada. Há cada vez mais pessoas que se operam com dezoito anos, que começam a usar botox aos vinte anos porque querem ter uma imagem igual à dos filtros de instagram, por exemplo. Por outro lado, há cada vez mais modelos plus size, há tipos de beleza mais diversificados que são valorizados. Qual a tua opinião relativamente à imagem, seja ela de tentativa de perfeição ou aceitação de corpos habitualmente considerados fora de padrão?
IC: Eu sempre defendi que se a pessoa não se aceita é porque não está feliz na sua pele e deve trabalhar nisso. Mas os padrões de beleza são coisas ilusórias. Não existe um padrão de beleza por mais que se tente criar um, nós somos umas marionetes dos media e de três ou quatro figuras internacionais, e achamos que temos de ser como elas. Mas não. Tem de haver uma aceitação quando a pessoa tem saúde, quando a pessoa verdadeiramente e internamente se aceita. Mas a perfeição não existe, é importante encontrar um equilíbrio.
PCV: De que forma é que as pessoas chegam até ti? Amigos de amigos, redes sociais…
IC: Através das redes sociais, as recomendações, de médicos, de pessoas que já trabalharam comigo. Não tenho só um ponto de tracção.
PCV: Qual é o erro mais comum na alimentação dos portugueses?
IC: A falta de água, de ingestão de líquidos. Muitas pessoas esquecem-se de beber água e a água é a base de tudo.
PCV: Tens um programa completo de consultas de alimentação, ginásio e refeições. Quanto tempo é necessário em média para atingir os objectivos individuais?
IC: Com o nosso programa as pessoas têm resultados de semana a semana, o truque é só mesmo personalizar o programa. Somos nós que nos ajustamos à pessoa e não são as pessoas que se ajustam ao programa, porque se assim for as coisas não correm bem. Eu não vou conseguir manter uma pessoa focada com coisas que não gosta de comer, com actividade física que não vai fazer e a ter comportamentos que não são seus. Temos de perceber a vida social, profissional, os gostos, se está à vontade para treinar num ginásio, intolerâncias alimentares, condicionantes e portanto, todas as semanas as pessoas têm resultados. E isso é muito motivador para as pessoas.
PCV: A reeducação alimentar funciona de forma efectiva e eficaz? Ou seja, a longo prazo? Pergunto isto, porque haverão pessoas que vão ler esta entrevista e vão pensar que no dia em que deixarem de ir a consultas e seguir o programa, que vão aumentar de peso drasticamente. Seguindo aquela ideia de que os quilos são vingativos. Quando perdemos quilos e se eles voltam, trazem amigos…
IC: Nós traçamos um plano e essa reeducação fica. Porque se não ficar é a mesma coisa que ter sempre o mesmo comportamento, e se não o alterar vou ter sempre os mesmos resultados . É a mesma coisa com a reeducação alimentar. Se a pessoa voltar aos mesmos comportamentos que tinha antes da sua reeducação alimentar não vai conseguir manter o peso. A pessoa até pode voltar a ter alguns comportamentos antigos, mas tem de ser mais consistente com a sua reeducação alimentar, do que nos comportamentos que tinha. Não se podem esperar resultados diferentes de comportamentos iguais.
PCV: Perante todos os casos que conheces diariamente, geralmente qual é tipo de caso que mais te preocupa?
IC: O que mais me preocupa é a pessoa depressiva. Porque a depressão é uma doença bastante grave. Recebo algumas pessoas depressivas e 95% das pessoas que recebo têm problemas de ansiedade. Isto diz muito sobre a sociedade actual.
PCV: Estás constantemente a inovar, tens mais de duzentos mil seguidores no instagram. Tens aperfeiçoado os teus programas de acordo com a exigência dos tempos. Qual é o teu próximo projecto?
IC: O próximo projecto é um livro que ajude as pessoas, com programas e também com receitas. Era para ter acontecido já em 2020, mas com tudo o que aconteceu este anos provavelmente só sairá em 2021.
Fotografia de Sara de Jesus Bento
Styling Patrícia Cesar Vicente