Edição 61- Março 2019

Entrevista por Joana Teixeira

WANDSON, quem? WANDSON do Instragram. WANDSON LISBOA —do Maranhão para o Porto, do Instagram para o Mundo. A rede social é a montra do seu portefólio artístico, mas é também o seu parque de diversões virtual. É fã de Toy Story, gosta de ídolos acessíveis e está a causar alvoroço na internet em Portugal.

Acima de tudo, WANDSON quer que lhe paguem finos. Quem nunca? Vem do Maranhão, no Brasil.

Quando e como chegou até ao Porto, em Portugal?

Sempre quis ser o melhor nos estudos. Acho que desde pequeno sentia que precisava sempre ser bom naquilo que eu gostava. Queria criar, fazer coisas e sempre pensar a melhor forma de mostrar para as pessoas a realização de uma ideia minha. Vim para Portugal estudar. Estava em busca de um curso que abrisse mais a minha cabeça e que alargasse os meus horizontes.

O que é que Portugal tem para si?

Tem amigos, uma vida calma e um metro ao lado da minha casa. É muito mais fácil ir de um lado para o outro e eu gosto de estar aqui. Percebo que a calmaria e a paz que tenho no Porto não vou encontrar em mais lugar nenhum.

Como o chamamos: artista, criativo, ilustrador, designer…?

 Prefiro ser chamado de WANDSON. Brincadeira. É engraçado isso de as pessoas precisarem de dar rótulos para as coisas. Sinto-me um bocadinho de tudo isso e mais outras coisas. Mas gosto muito de criar.

Como é ter sido uma das primeiras pessoas a ter Instagram em Portugal? Não se sentiu um pouco sozinho na rede até a moda pegar?

Nunca usei o Instagram com o sentido de moda pegar. Sempre o usei como diário visual das experiências que me foram aparecendo pela frente. Uma palavra engraçada. Uma coisa esquisita. Uma comida estranha. Está tudo lá. Não apaguei nada. Depois percebi que poderia usá-lo como um portefólio. E é o que faço até hoje.

Que tipo de trabalhos está a fazer no momento?

Criação de conteúdos para algumas marcas e ilustração também. Conciliar isso com “brincar de Instagram” está a ser uma tarefa difícil. Mas eu realmente gosto e é o que me dá prazer. Nunca pensei dizer isso, mas acho que o meu trabalho é brincar com aquilo que me faz feliz. Artisticamente, tira inspiração de… O meu pai, o CADINHO. Foi ele quem me ensinou a ser quem sou e eu me espelho muito nele. Ele deu asas para tudo o que eu tenho hoje e abdicou de muita coisa para me fazer feliz. Ele é o meu herói. Por causa dele conheci muita coisa, muitos brinquedos, filmes, jogos e a TV.

Como define o seu estilo artístico?

 Reparei que a cor é uma aposta forte. Eu gosto muito das cores primárias, me remetem sempre à infância. Lembro-me das aulas de educação artística na escola e da professora Patrícia (sim, sou bom com nomes) nos ensinar todo esse processo. Vermelho, azul e amarelo estão sempre presentes comigo. E também são as cores do Toy Story.

Como descreve o seu processo criativo?

 É muito intuitivo. Criado, depois é processado, e mais depois diluído —e só depois consumido. É um bocadinho de organizar as ideias em papel e em seguida aplicar tudo o que foi pensado numa fotografia ou peça. Tenho sempre um caderno comigo onde desenho as fotos. E sempre descarto a primeira ideia. Ela pode até ser boa, mas toda a gente já deve ter feito. É assim que funciona comigo.

Qual é a sua opinião sobre as redes sociais no sentido de prós e contras?

Eu acho que se cada um usar da melhor forma é incrível. O contra é só que ninguém vê a cara das pessoas que querem fazer o mal. Eu por sorte não tenho essa experiência pois sou mais tranquilo. Mas há tanta coisa para melhorar e evoluir. No caso do Brasil, e da política brasileira, 2018 foi um ano de caos nas redes sociais. Como encaixa a importância das redes sociais na produção de arte em geral? A nível de impacto é importante para se passar uma mensagem. Eu nessas horas penso um bocado, largo o meu Zelda e tento passar uma mensagem. E nisso tudo as redes ajudam as pessoas a terem acesso facilmente às nossas ideias e às nossas mensagens. O meu meio é a minha mensagem.

 Se não existissem redes sociais, como acha que promoveria o seu trabalho?

 Provavelmente estaria na parede do vosso quarto ou numa capa de um caderno daqueles de marcas boas onde a impressão é toda xpto e as folhas são cheirosas. A sua presença no Instagram não passa apenas por promover o seu trabalho, também é muito ativo nas stories. No fundo, funciona como uma montra de trabalho e um hobbie? As duas coisas andam bem juntas. Eu realmente me divirto com as brincadeiras e uso o Instagram como uma criança. E é exatamente isso. Esta montra visual das minhas competências como criativo.

E a pergunta clichê: projectos ou objectivos para 2019 que possa revelar?

 Nem sei o que vou comer hoje. Mas imagina que vou cantar no Super Bowl 2020? Ou que vou apresentar o prémio de melhor videoclipe do ano nos VMAs? Para o infinito e mais além!