André Teoman

Texto de Francisco Vaz Fernandes

André Teoman tem nos habituado a aparecer regularmente com novos projetos de design, que estão na fronteira da arte. Geralmente aparecem em séries e muitas das vezes concentram-se na exploração de uma tecnologia. Muitas vezes são formas de questionar a tecnologia e de a repensar para tirar novas perspetivas não dimensionadas anteriormente. É o caso desta nova série a que intitula Soldita onde procura potenciar o trabalho realizado com o ato de soldar. Os objetos surgem com desenhos laboriosamente trabalhadas a partir dos traços que o maçarico permite realizar nas suas superfícies, Algo muito artesanal que vai deixando nas superfícies lisas uma proeminência do qual resulta um desenho. Chama-lhe tatuagem porque de certa forma tem o mesmo propósito de deixar um registo no corpo metálico das suas peças. Os seus registos inspiram-se tanto em tatuagens como em rituais de escarificação ancestrais. Ganham uma dimensão primordial que nos convoca até as nossas raízes. Há algo de bruto mas ou mesmo tempo simbólico e até magico no lado tátil que estes objetos ganham

O projeto Soldita resulta da combinação de duas palavras portuguesas, solda (soldar) + bonita (bela) e foi idealizado durante o primeiro bloqueio de coronavírus. O designer decidiu combinar seu amor pelo desenho com as habilidades de soldagem de um amigo e produtor local, tornando todo o projeto possível sem a necessidade de viajar. Com este projecto a soldagem passa a um veículo criativo que transforma objetos mundanos em algo lindamente decorado. As tatuagens ou escarificações inscritas nestas nessa nova a série contam no essencial a história da terra, do fogo, da água e do vento, os quatro elementos primários necessários para trabalhar os metais desde a idade medieval.

@andreteoman

texto de Francisco Vaz Fernandes para PARQ_71.pdf (parqmag.com)