Fotografia e direção de arte Julia Dimitrova

Entrevista Francisco Vaz Fernandes

Modelo Luís Filipe Santos

Julia Dimitrova, conheceu o Luís Filipe Santos numa loja vintage em Lisboa. Ele era o lojista e destacava-se pelo seu look totalmente vintage pelo seu bigode e por um corpo cheio de tatuagens. De um inicio de conversa que se estabeleceu ali surgiu esta série de fotos que foi proposta à Parq

Para melhor conhecer o Luís Filipe Santos fizemos uma pequena entrevista que podem ler de seguida. Admiramos a capacidade deste quase sexagenário sem complexos adaptar-se aos desafios da sua própria época dominada pelo universo das redes sociais. Expor-se com naturalidade e valorizar a sua própria imagem é algo que faz regularmente, porque há sempre um lugar para todos e não renuncia o seu.

Vais fazer 60 anos , uma idade com a qual muita gente lida mal em termos de imagem. Para ti tem sido fácil?

A questão da idade nunca foi um obstáculo, e talvez eu tenha tratado dessa questão de uma forma inversa, acabando por se tornar um trunfo: a imagem que procuro transmitir torna se, devido à minha idade, pouco expectável e ainda mais confrontativa com o estabelecido socialmente, tornando a mais “valiosa”. Além de me dar um tremendo gozo, claro. Também é verdade que isso implica esforço a diversos níveis, e sorte de ter saúde obviamente.

Como modelo fotográfico começaste quando? Foi sempre algo amador?

Modelo fotográfico nunca fui. Aqui e ali tirei fotografias com intuito comercial, como quando trabalhava na Outra Face da Lua, ou em outras lojas vintage de Lisboa. Portanto, super amador! E como trabalhei alguns anos na Baixa de Lisboa, posso dizer que aí senti me muitas vezes modelo, pois os pedidos para tirar fotografias de rua, sempre foram muitas. Uma espécie de modelo do povo, apetece me dizer!

E a ligação ao vintage, começou quando?

A ligação ao vintage vem desde sempre. Frequentei o curso de História, e sempre fui apaixonado pelo passado. Como também sempre me senti um esteta, foi de forma natural que cheguei ao tipo de imagem vintagista, que penso ter. No final dos anos 90 em Ibiza, enquanto de férias, tomei contacto com as lojas do género, e apaixonei me definitivamente. Daí à materialização de um visual predominantemente vintagista, foi todo um caminho, que se foi cimentando. Hoje em dia também gosto de falar do sentido ecológico que esta matéria contêm, mas o lado criativo sempre foi o principal motor.

Quando preparas uma série fotográfica desenhas algum tema de inspiração?

Esta sessão fotográfica com a Julie, foi a primeira mais séria que fiz. Foi fácil, pois pediram me para ser eu. Mas já fiz uma curta metragem, se posso fazer uma comparação, e foi necessário desenvolver um papel. É verdade que mais uma vez não tive de me afastar muito, mas implicou actuar, e adorei. Aliás, até acho que sou mais talhado para a representação que para a fotografia. Mas sem pretensiosismos! Digamos que penso ser mais fotogafável como animal social, como amostra de exclusividade. Mas não está fora de questão fazer bonecos de outra forma!

Quais são as inspirações mais recorrentes para os teus looks?

Tudo é inspiração para mim. O leque é tão variado que até é assustador para mim próprio. Bebo ideias em todo o lado. A estética está sempre presente na minha vida. Tanto pode ser um filme como um móvel! Tanto pode ser um objeto como um ser humano. Tanto pode ser uma imagem do passado como uma visão do futuro.

Não concebo a minha vida sem esta forma de estar. Os meus olhos percorrem todo o tipo de coisa e criam padrões imaginários, que podem não ter a mínima validade para outros. São esse padrões que sigo.

E a tua relação com as redes sociais!. Já que grande parte do teu trabalho esteja enquadrado num conjunto de selfies, as redes sociais contribuíram para tua notoriedade?

As redes sociais já foram mais importantes na minha vida. Tive uma fase empresarial e, como todos, usei a minha imagem e as minhas ideias para ajudar na notabilização do meu negócio. Também abordei essa questão pelo lado cultural e basta ver o meu Facebook para perceber que durante muito tempo, tive uma rubrica sobre o passado da cidade de Lisboa, criando uma personagem, um alter ego, para apresentar a cidade. O Sailor. Muita gente continua a tratar me por esse nickname, apesar de ter terminado de apresentar a rubrica. Aliás, ainda levo muitas vezes o Sailor à rua, acho. Mas a minha relação com as redes é agora quase unicamente poser, mas gostando de lhe dar uma atitude de performance. Mas a Parq é agora outra forma de estar online, bem agradável por sinal.

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