Gerardo Vizmanos

Corpos masculinos contorcidos, partes e detalhes acabam por formar o corpo de trabalho do fotografo espanhol Gerardo Vizmanos que estabeleceu residência em Londres depois da aclamação internacional que tem merecido. Em alguns círculos tem aparecido como fazendo parte da nova fotografia gay, dado que o seu motivo de interesse tem sido exclusivamente corpos masculinos. Há pouco menos de 10 anos Vizmanos era apenas um jovem advogado que tinha curiosidade sobre o processo fotográfico e que decidiu fazer um curso de fotografia para amadores para realizar algumas experiências. A sua paixão crescente teve a possibilidade de se tornar algo mais série quando viu com surpresa, o seu trabalho ser premiado no concurso da Internacional Support Talents, que o levaria a uma formação complementar em Nova Iorque

Apesar do evidente fascínio pelo corpo masculino, Vizmanos procura discutir e o que pode ser uma visão redutora de uama fotografia gay, comentando que a questão do género e da identidade que estão muitas vezes implícitos nesta categoria fotográfica não tem sido uma preocupação nas imagens que apresenta. Aceita e compreende que quem veja as imagens que cria possa despertar um certo homoerotismo, mas em geral esse não é o seu objectivo final. De certa forma Vizmanos procura, pelo contrário dessexualizar os corpos. Apesar de encontrar nas composições dos corpos dos jovens que fotografa, algumas semelhança formal imagens de alguns fotógrafos clássicos que longe das restrições das suas pátrias reconstruiram a partir do exotismo das paisagens e dos jovens locais a imagem de um idade de ouro enfabulada que mais não era que uma forma de sublimar as suas fantasias sexuais. É nesse ponto que encontramos algumas ressonâncias alguns fotógrafos clássicos americanos, comoHerbert List ou George Platt Lynes que entre as duas grandes guerras, trouxeram o classicismo grego e a idealização do masculino erotizado como um dos seus focos principais.

As suas fotografias são certamente a visão de um fotografo gay que revisita muitos dos clichés da conhecida fotografia de nús artísticos que em geral tinha e tem a mulher como o centro de uma imagem operada por um homem heterosexual. A par disso, Vizmanos despe as suas imagens de um certo sensualismo que era desde sempre a razão de ser do nú artístico, o que aparentemente afasta-o desse universo. Depois, os seus corpos contorcidos remetem-nos para as experiências dos primeiros modernistas, onde a partir de manipulações fotográficas tínhamos uma complexificação e uma certa recusa naturalista do corpo, apesar do efeito realista que o processo fotográfico assegura . Também nas propostas do fotografo espanhol encontramos um sentido de composição que partem não tanto de efeitos fotográficos, mas da performance dos modelos, da aglomeração de corpos e de ângulos menos esperados que transfiguram uma visão do corpo masculino.

A fotografia de Vizmanos não tem nada de espontâneo como várias vezes o refere em entrevistas, parte sempre de referencias estudadas. Os seus modelos são essencialmente atletas, bailarinos ou contorcionista, homens que oferecem a possibilidade de movimentos e poses que dificilmente seriam possíveis sem ser um corpo muito treinado. Essa disciplina do corpo tão evidente somado ao rigor documental do momento fotográfico, dão-lhe um efeito de verdade e transparência que gosta de apreciar nas suas fotografias. Salvo raras execepções em que se fotografa a si próprio com um amigo dando até uma certa ilusão de intimidade, em geral o fotografo espanhol não tem qualquer relação como os modelos, nem sente necessidade desse elo de proximidade que muito da fotografia contemporânea de carácter documental acabou por impor. Pelo contrário, afronta qualquer sentimento de voyeurismo ou descontextualizar em geral de qualquer imagem que produza de quadro sócio temporal. Em cenários pobres restam as composições que nascem dos corpos flutuantes no vazio que ganham uma dimensão escultórica. Como referi é aqui que Vizmanos vai beber muito a uma certa fotografia clássica Contudo o fotografo espanhol aparentemente não tem medo de confrontar um certo classicismo da fotografia e percebe que a ressonancia desse legado clássico, em torno do corpo nu, masculino, se mantenha com um tema apaixonantes a partir das perspetivas novas que porporcionam novas emoções à temática.

Os seus trabalhos tem aparecido em conjuntos temáticos que são reunidos em Livros fotográficos, tendo publicado ate hoje