Há toda uma poética da contemplação que sobressai dos gestos artísticos de Azuma Makoto, um escultor-artista floral e botânico japonês que molda (talha/conforma) plantas e flores a seu gosto para obter objectos escultóricos da pequena à grande escala, de paludários a instalações botânicas de dimensão pública. É o pretender fixar a beleza e a essência do instante e é também o aceitar da lenta decomposição dos organismos, elementos que encontrarão tradução possível nos conceitos nipónicos de wabi sabi (sublinhando, sem aprofundar) e do prazer na observação da floração transitória das cerejeiras e ameixeiras, o concorrido hanami (ou umemi). Praticante da longa tradição de arranjos florais do Japão, ikebana, Azuma Makoto acrescentou no seu trabalho algo que diz ser marcadamente diferente do tradicional japonês: o fazer com que as flores pareçam mais vivas do que realmente são (um aparente paradoxo) e também o incorporar (e aceitar) a natural decomposição/devolução à terra das plantas e flores que são a sua matéria-prima. A par do trabalho artístico, Azuma Makoto desenvolve arranjos florais a partir da sua loja Jardins des Fleurs, em Tóquio, descrita por si como uma loja de haute couture de arranjos florais e que também é escola.

azumamakoto.com