A Uau project é uma formação de designers, fundada em 2011, por Justyna Faldzinska e Milosz Dabrovski. Ambos residentes na bonita cidade de Varsóvia, pertencem a uma geração de designers que desenvolve um trabalho pertinente, longe já dos ideais de design racionalista militados no século XX, do cinzentismo da escola de Ulm e dos princípios redutores industrialistas. O design das novas gerações não se cuíbe de oferecer um festival de cores e formas, profíquo, para deleite de muitos.
Esta policromia é visível em vários dos projectos da Uau. Sobretudo os mais recentes e coloridos candeeiros Neptune, Anemone, Bubble e Bloom. Causam perplexidade e alegria quando os descobrimos ou vislumbramos. São, de facto, tão delicados pelas suas formas e riqueza pantone que fazem jus ao próprio nome: Uau! A fonte criativa de Milosz e Justyna é inesgotável, fresca e livre. E não são alheios às questões de sustentabilidade. O mais recentes candeeiros da dupla de designers provenientes da Polónia são feitos de materiais recicláveis, sobretudo oriundos de bioplásticos à base de plantas. O chamado PLA. O PLA é um polímero composto por moléculas de ácido láctico orgânico de origem biológica. Mais precisamente designado por Poliácido láctico, ou poliláctico. Diz-se que foi criado algures, por Garfill Dow, em 2000. Não há muito tempo, e deriva de uma simples e banal planta, o milho. O estranho PLA está mais próximo de nós do que julgamos, e já deve ter entrado em todas as nossas casas. É usado em embalagens alimentares descartáveis, à escala global, e por marcas que todos conhecemos, como a Tetrapack. A boa rigidez, elasticidade, capacidade de moldagem, entre outras propriedades mecânicas, como o comportamento termoplástico, tornaram-no um material especial, de eleição para estes candeeiros. E as mesmas qualidades deste polímero parecem “casar” bem, e sem grande dificuldade, com as formas fluídas digitais que a Uau desenha e cria, usando softwares próprios.
Já passaram alguns anos para concluirmos, sem grande dificuldade, que a esfera virtual trouxe com ela múltiplas possibilidades criativas e estéticas, e que, através de scanners 3D, essas esferas, desenvolvidas digitalmente, podem ser trazidas para a nossa realidade palpável, das coisas analógicas. Milosz e Justyna conseguem-no, através dos seus maravilhosos candeeiros. Por isso, é sempre agradável poder tocar na “realidade virtual”, tocar nos candeeiros Neptune, por exemplo, e poder passar as nossas mãos pelas superficies texturadas e estriadas. Consistindo numa experiência plena de sentidos.
por Carla Carbone