Texto por Jéssica Lima

A Editora surgiu da partilha de ideias entre Hugo Ferreira e João Santos. O sonho de um era “ impulsionar um movimento local, inspirado em projetos musicais existentes na Islândia e Manchester”, e o do outro “ter um estúdio e material para gravar”.

Hugo Ferreira, um dos impulsionadores do projeto, esclarece que a Omnichord Records passa por “criar um ecossistema à volta da música e capacitá-lo para que os artistas possam viver do seu trabalho no sector cultural”.

A editora e cooperativa contrata artistas desde o rock à eletrónica, passando pelo piano clássico. O objetivo é estimular a diversidade e criatividade e nesse sentido Hugo explica- “não somos muito focados num ou noutro género musical, nem noutro domínio artístico, o que gostamos mesmo é de explorar novas fronteiras e colaborações”.

O talento local é a aposta da editora, como se de uma família se tratasse. Existem duas “exceções” até ao momento, a Labaq, que “decidiu mudar-se de São Paulo, Brasil, para Leiria”, momento em que começou a trabalhar com a Omnichord Records; e o músico João Cabrita que se juntou à equipa “pelo baterista da sua formação também fazer parte da familia Omnichord”.

No início da Omnichord, Hugo e João revelam que escreveram: “vamos editar o que gostamos, se é para investirmos vamos lançar a música que gostávamos de comprar para oferecer aos nossos amigos”. Atualmente asseguram a plena confiança e admiração que têm por todos os nomes que editam, e que elevar a música destes artistas continua a ser a principal motivação.

Este ano verificou-se um declínio em vários sectores, mas a Omnichord Records aumentou, exponencialmente, o número de pessoas a contrato, Hugo afirma que isto se deve ao facto de “muitos dos ativos se terem capacitado e multifacetado”. Acredita que a estabilidade laborar é essencial, sendo que há um ano tinha duas pessoas com vínculo laboral e agora são oito.

O criador explica que não necessitou de recorrer ao Lay Off sendo que a editora nunca parou de trabalhar. Sendo “uma associação sem fins lucrativos”, não foi possivel candidatar-se a programas de apoio que são apenas vocacionados para empresas.

A editora ultrapassou o período da pandemia sem poder imputar valores de salários em programas de emergência, ou apoios que são desenhados para associações, trabalhadores independentes ou autarquias.

Em 2011, quando se estrearam no ramo iniciaram um projeto com a banda “Nice Weather For Ducks”, a primeira banda de miúdos que gravou nesse ano. Desde essa altura que os projetos foram aumentando e surgiram projetos educativos com o objetivo de encontrar novos talentos. A procura era realizada em escolas de Leiria, Hugo Ferreira conta que “nos três anos seguintes fizeram sair projetos como: “First Breath After Coma, Surma e Whales”.

Ao mesmo tempo nomes como o pianista autodidacta André Barros (que estagiou no estúdio dos Sigur Rós) e os míticos Born A Lion juntaram-se ao movimento, trazendo para a mesa novos projetos como Les Crazy Coconuts, Few Fingers, Bússola ou Few Fingers.  

Ao longo de oito anos, a editora lançou 43 edições e realizou concertos por 20 países da Europa, América e Ásia. Vencedora do prémio “FIVEUNDERFIFTEEN” em 2017, como uma das 15 editoras europeias mais inspiradoras com menos de 15 anos pela IMPALA (Associação Europeia de Editoras Independentes). Em 2018, os discos “Drifter” dos First Breath After Coma e “Antwerpen” de Surma foram nomeados para melhores discos europeus do ano, ao lado de nomes internacionais como Radiohead, The XX, Agnes Obel, etc.

No futuro, a Omnichord Records promete “continuar a gravar, a editar e a explorar mais colaborações e áreas artísticas”, e criar cada vez mais projetos educativos e comunitários.

 A Omnichord Records prima pela autenticidade de cada um dos projetos no qual se envolve, tendo em conta o constante desafio e exploração de fórmulas, métodos, formatos e meios de atuação.

Ouve já alguns dos exitos dos artistas que fazem parte da familia Omnichord Records!